segunda-feira, 25 de abril de 2011

Perfume - Livro

    Eu tenho essa característica que, até hoje, não sei se é boa ou ruim. Algum tempo depois de ver um filme ou ler um livro, posso travar novo contato com ele como se fosse algo inédito. Não é raro comentarem sobre algum filme que já assiti, porém não me recordo. Isso é ruim porque as histórias não me marcam o suficiente e preciso despender tempo revendo e relendo algo em detrimento do novo. Lado bom: posso me deslumbrar, pelo menos algumas vezes, com a mesma coisa. O fascínio do ineditismo a cada releitura.
    E foi isso que aconteceu hoje. Há um bom tempo assisti o filme “Perfume: a história de um assassino”. Lembro que foi muito bom, mas, obviamente, depois de alguns anos, não me recordava mais do seu desenrolar. Por isso, não hesitei em comprar o livro assim que o encontrei, por acaso. Leitura com início e término no mesmo dia, de tão boa.
    Interessante a descrição de odores e percepções olfativas, sem falar do contexto histórico que provocou, ao menos em mim, uma visão alternativa de Paris no século XVIII. Quando assistimos a um filme de época é fácil identificarmos o vestuário, a maquinaria, o contexto e o cenário urbanos no contexto, enfim. Mas acho que poucas pessoas atentariam para o aspecto olfativo do ambiente. E essa descrição, logo no início do livro, já me deixou extasiada.
    É fato que se estamos impregnados de um cheiro passamos a não mais percebê-lo e o livro faz várias menções a isso, o que me levou a questionar até que ponto algumas sensações derivam somente do que é visto, da memória, da leitura musical e até que ponto a questão olfativa contribui para tal percepção. A felicidade que estava sentindo, por exemplo, enquanto lia essa história na Lagoa, ouvindo minhas músicas favoritas, advinha somente da bela paisagem, da melodia, do prazer da leitura em si mesmo ou também do cheiro da chuva que já se vislumbrava no horizonte, da grama recém-cortada? Até que ponto o olfato foi subjugado pelas demais sensações externas e será que o mesmo não se deu também com os outros sentidos?
    Coisa que sempre me intrigou desde criança era a questão de haver gente surda, muda, cega, pessoas que perdem o tato devido a alguma doença, mas nunca li ou ouvir falar de alguém com deficiência de olfato. No caso do livro, porém, a questão não é de ausência, mas de sentido exacerbado.
    Achava que descrever aromas era tão difícil quanto descrever sentimentos. Não se tratava de algo para ser descrito, somente sentido e por isso o livro é tão fascinante. Trata-se, enfim, de uma leitura tão inebriante quanto possa ser sugerido por seu próprio título.

Aliás, anosmia é o nome dado à deficiência olfativa.
Algumas deficiências não têm solução; outras, como a de conhecimento, o Dr. Google resolve.

terça-feira, 12 de abril de 2011

    Quem me conhece sabe da minha aversão a engarrafamentos, sendo este, inclusive, um dos motivos pelos quais, ainda, pelo menos, não me interessei por dirigir. Mas, como circunstância inevitável numa sexta-feira à tarde, por volta das 17 horas, lá estava eu, parada em frente a uma escola municipal no Centro do Rio. Era horário de saída das crianças. Os pais naquele alvoroço do lado de fora, fazendo reconhecimento dos rostinhos; as crianças em fila; umas pulando, brincando; outras, já do lado de fora comiam biscoito, tomavam sorvete...
    Percebi há quanto tempo não parava para lembrar da minha infância. Nossa! Como era bom. Ser criança é bom. Conviver com criança é bom.
Que saudade...
Que vontade de ...