sexta-feira, 14 de setembro de 2012

    Você vê o mundo diferente depois de ler "História da Riqueza do Homem", de Leo Huberman. Por que essa vontade de querer saber as coisas e depois pagar o alto preço da eterna desilusão, desesperança e da crítica permanente? A ignorância é uma benção, mas ainda insisto na tentativa de ser excomungada...

sábado, 8 de setembro de 2012

Dachau

    A visita ao campo de concentração em Dachau proporciona uma riqueza de informações históricas impressionante, mas também cobra seu preço emocional. Não tive ânimo para tirar muitas fotos e só registrei cerca de meia dúzia.





Bavária

As paisagens mais bonitas que já vi.
 





Embora desconhecido, foi eleito meu quadro favorito dentre os que vi por lá.

Curaçao




Curaçao


curaçao





segunda-feira, 13 de agosto de 2012

O preço da filosofia pura

    Li a biografia de Schopenhauer, do autor Rüdiger Safranki. É impressionante a visão geral que uma biografia pode nos proporcionar. Eu, que sempre fui péssima em História, acho que o saldo foi bem positivo. Muito além do conhecimento biográfico do meu filósofo favorito, de quebra ganhei um pouquinho de conhecimento em História. Focando especialmente na filosofia, amadureceu em mim uma ideia que vinha gerando desde o inicio da leitura das Confissões de Rousseau.
    Já escrevi em um post anterior que sempre invejei os filósofos antigos, que podiam se dar ao luxo de, do alto de um casebre na colina, simplesmente filosofar. Filosofar e aprender sobre a vida do melhor modo possível: viajando pelo mundo, com paz e tranqüilidade. Graças a estas leituras percebi o quanto era ingênua! Rousseau de fato viajou muito, andava a pé por belas paisagens, subia e descia colinas, via os Alpes, precipícios, conhecia variados tipos de pessoas, situações. A que preço? Vivia morrendo de fome! Quando encontrava uma ocasião favorável se esbaldava. Com pão e vinho! E com que felicidade descrevia estes momentos... Precisava mentir para ter o que comer e onde dormir; algumas vezes relata ter dormido em bancos de praças.
    Schopenhauer viajou por toda pela Europa com sua família antes do 20 anos. Que experiência de vida era naquela época! A que preço? Longas e cansativas viagens, constantes atolamentos, estradas mal conservadas, provisões escondidas no veículo (precário) e o constante enfrentamento de pessoas famintas pelas estradas, saqueando aquilo que deveria prover toda a viagem da família. Viagem que atualmente se esgotam em 1 ou 2 horas dentro de um avião. É impressionante.
    Coisas que hoje em dia fazemos de modo automático, quase sem prestarmos atenção, eram custosas naquela época. Custosas num sentido material e psicológico também. Talvez a vida naquela época fosse realmente intensamente mais vivida, mais emocionante, mas também muito mais penosa; talvez justamente por isso as pessoas filosofassem e poetizassem mais.



de 1 mês atrás...

    Não é por preguiça que tenho deixado esse blog abandonado. É como se estivesse mais sedenta por ler do que por escrever. Mas, como escreveu meu querido Schopenhauer, ler de forma compulsiva, sem praticamente parar para pensar no que se lê, também não é tão produtivo quanto parece.
    Um dos livros que li recentemente e sobre o qual pensei em escrever algo foi O culto da emoção, de Michel Lacroix. O autor fala sobre o que seria uma nova ramificação da espécie humana, que ele chama de homo sentiens, derivação do homo sapiens. O homem atual estaria sempre em busca de novas emoções, fortes, incessantes, adrenalina full time. Isso poderia ser visto como uma exigência da própria sociedade, sempre demandando e proporcionando as ditas “emoções-choque”, para que nos sintamos vivos, impulsionados. O fator negativo deste comportamento seria o fato de, nessa ânsia, não selecionarmos de forma sadia a fonte dessas emoções. Logo, sentimos mais, mas nos emocionamos menos. Sempre submetidos a emoções súbitas e impetuosas, deixamos de lado elementos capazes de proporcionar emoções leves, sadias e, portanto, gerar sentimentos mais duradouros.
    Da primeira vez que tentei ler este livro, acabei abandonando-o no meio, talvez por não concordar com o que estava lendo, talvez por tê-lo achado de difícil compreensão textual mesmo. Na segunda tentativa, porém, li de uma tacada só, num final de semana. Percebi que da primeira vez eu é que não estava preparada para ele. O livro tem sua beleza.
    Outro livro que eu estava lendo concomitantemente talvez tenha ajudado a me abrir os olhos para o tema. Pode parecer besteira, mas é um livro sobre Ioga para nervosos. O autor fala sobre apurarmos nossas emoções, selecionando e refinando o material com que nos deparamos, pois eles serão responsáveis, ainda que inconscientemente, pelo tipo de pessoa que nos tornaremos. A princípio, também li sem muita fé no conteúdo, mas, parando pra analisar melhor, encontrei também ali alguma beleza. Atualmente, uma das coisas mais fáceis é sairmos estressados/nervosos/decepcionados de casa. Pra mim, é só ligar o noticiário, algo que, admito, apesar da negatividade que me passa, ainda não consegui deixar de fazer. É uma notícia ruim atrás da outra. O nível de indignação vai aumentando a cada informação. E a capacidade de complacência também. Será que isso não vai nos deixando mais insensíveis a cada dia?
    Quem se sente realmente indignado com as sucessivas doses de corrupção noticiadas? Indignado a ponto de tomar alguma atitude, iniciar algum abaixo assinado, uma passeata ou qualquer manifestação? E a violência? Bebês queimados, hospitais inchados, cancelas de estacionamento em mau estado de conservação que desabam sobre crianças, candidatos a cargos políticos, já condenados, relacionados com milícias. Sinceramente, não partilho da crítica comum de que o brasileiro tem memória curta e, portanto, tem o governo que merece. O cara passa o dia todo trabalhando, preocupado com contas pra pagar, pegando ônibus lotado, criança na escola, preocupado em ter o que comer, vai ficar se preocupando com política? Conseqüências de um sistema que, por deficiências da educação brasileira, o cara acha que só vai influenciá-lo de uma maneira muito indireta (isso para os que conseguem encontrar alguma relação).
    Bom, voltando ao assunto, o livro de ioga fala que, para diminuirmos nossa ansiedade, devemos regar nossa alma com poemas, livros e filmes leves. Achei bem congruente com o livro sobre o culto da emoção, pois este também diz algo sobre refinarmos nossa capacidade de sentir com mais emoções-sentimento, poesia. Assim como somos afetados por coisas ruins, também o seremos por coisas boas. Por que então não nos submetermos mais a poesias, bons livros e filmes? Não é notório como nos sentimentos bem, tranquilos, embalados quando ouvimos uma boa música, por exemplo? Uma poesia, uma paisagem, atividades recreativas, meditação?
    Talvez um dos motivos que tenham, finalmente, me levado a escrever essas minhas antigas idéias seja o filme que assisti ontem e no qual ainda estou pensando. Um dos clássicos que ainda não conhecia: Sociedade dos Poetas Mortos. Admito que o filme me arrancou umas 2 ou 3 lágrimas. As pessoas gostam e precisam se sentir úteis, relevantes. E a ideologia a qual seremos submetidas depende um pouco da sorte e um pouco daquilo com que alimentamos nossa alma, afinal, o homem é um produto do meio. No caso do filme, o alimento me pareceu bom. Literatura, poesia, filosofia, sonhos. Não sou radical; gosto de ver um filme de ação, de terror, drama, ainda que a repercussão, seja choque, tristeza ou melancolia, dure algum tempo ainda depois do término da sessão. Então, não custa contrabalancear. Chegando em casa leio as Confissões (Rousseau) e fica tudo no caminho certo.

sábado, 11 de agosto de 2012

compartilhar

    Mais uma dessa semana. Lá fui eu fazer um exame e, estando este atrasado, fiquei me deliciando com um vídeo muito interessante, como é característico daquele local de espera. Era um vídeo sobre a natureza e o desenvolvimento da vida na Terra. Logo no começo dizia-se que seria mostrada uma historia complexa, que era a história de cada um de nós e que, ao acabarmos de assisti-la, cada um resolvesse o que fazer com ela.
    O filme intercalava imagens impressionantes sobre países e civilizações subdesenvolvidas vivendo de forma precária, o que seria a vida da maior parte da população mundial. Povos onde, em meio a tanta pobreza, somente filhos são considerados riquezas, pois estamos falando de mais mãos para trabalhar e produzir. Comparava-se a quantidade de água necessária para produzir um quilo de batata e um quilo de carne. Mostrava uma criação de gado onde os bichos não veem uma grama sequer. Pesquisando na internet, achei um site bem interessante onde tem uma imagem do nosso Brasil bem parecida com a do vídeo de que falo (ver: Amazônia: indignação). http://viajeaqui.abril.com.br/national-geographic/blog/rodrigo-baleia/page/6/
    Desde o surgimento da vida na Terra até a forma como aparecimento do homem modificou todo um sistema, como o consumismo, poluição e superpolução vem mexendo com o planeta, o filme vai tentando te conscientizar.
    Intercalam-se também fotos impressionantes de moinhos para geração eólica de energia em meio a alto mar e energia oriunda das próprias ondas do mar, que eu nem imaginava existir. Isso foi uma surpresa para uma pessoa como eu, pessimista quando o assunto é ecologia. A conclusão a que cheguei é que grande parte do nosso problema vem da falta de informação. Só nos bombardeiam com notícias e estatísticas ruins e praticamente não falam que já existe gente inteligente, diligente e preocupada em desenvolver energia limpa, poluir menos, conservar e consertas as coisas. Ainda que restrito majoritariamente a países europeus, não posso negar que o filme incutiu em mim um fiozinho de esperança na humanidade.
    Assim que pude, chequei na internet o endereço indicado e vi que se trata do filme Home, de Yann Arthus Bertrand, fundador de uma fundação chamada GoodPlanet. Este site mostra o lindo trailer do filme. http://www.homethemovie.org/
    Mais uma vez, ainda não foi o suficiente para fazer de mim uma otimista, pois, contrabalanceando as novas informações e imagens, boas e ruins, ainda acho o saldo negativo, mas que tive relances de esperança,  tive.
    No fundo, só estou escrevendo sobre isso porque gostaria de mostrar pra todo mundo um filme lindo desses e, quem sabe, divulgar um pouquinho o tipo trabalho de gente transformadora como a desses links aqui. Pena que esse blog talvez não seja o meio mais eficaz para isso. Pelo menos, fica a experiência estética que, como já disse um professor, temos sempre vontade de compartilhar.

O barulho do engarrafamento

É. Preciso que concordar que algumas coisas ruins também tem seu lado bom. Ainda não cheguei ao ponto de virar uma otimista, aquele tipo de pessoa que faz de um limão uma limonada (e que, à vezes, invejo), mas digamos que às vezes consigo advogar a causa alheia.

Dia desses, estava eu a caminho do hospital para fazer um exame quando, no meio de um engarrafamento que me tomaria pelo menos 1 hora, uma senhora, idosa mesmo, afina o gogó e começa a cantar. Sabe aquele estilo de música anos 50 que as senhorinhas adoram? Então. Todos começaram a olhar de rabo de olho; um cara em particular tirou os fones da orelha e ficou olhando pra trás. Outros, curiosos, tão logo satisfeitos viraram a cara. Eu, de pé ao lado do banco dela, não pude deixar escapar um risinho. Tão logo acabou o repertório, ela, que a princípio estava com os olhos vidrados na janela, olhou em volta pra todos os passageiros que estavam por perto. Como eu queria ser assim, despudorada, cantar quando desse na telha, dançar sempre que tivesse vontade e dane-se a opinião alheia. Mas esse tipo de atitude não é pra mim. Até o risinho tentei esconder.

Daí, durante a cantoria, comecei a pensar porque ela estaria cantando daquele jeito. Será que ela foi uma cantora de cabaré ou algum bar, uma mulher bem bonita e interessante na época dela e de repente sentia saudades daquilo tudo? Será que foi alguma cantora famosa que, com aquele olhar indagador, esperava o reconhecimento alheio? Ah, sim, ela tinha uma voz bonita. Será que estava a espera de algum caça talentos que reconhecesse seu dom a essa altura da vida e lhe desse uma chance? Talvez só a maturidade tivesse levado sua timidez embora.

A partir daí a viagem evoluiu e comecei a filosofar sobre o que as outras pessoas pensaram daquilo. Pensaram alguma coisa? Gostaram ou se incomodaram? Pensei que para a maioria das pessoas, em seus compromissos, preocupações e atrasos, aquilo não tivesse tocado de forma nenhuma. Então pensei nas pessoas internadas em algum hospital, idosos abandonados, gente doente ou sozinha de qualquer forma. Acho que pra elas a cantoria poderia ter sido uma alegria bem interessante. Talvez a única alegria de um dia inteiro. Exagerei? Bom, eu fiquei surpresa e gostei.


Há algum tempo estive no Municipal e, quando saí de lá, me deparei com uma exposição de fotos da Terra vista de cima. Uma mais linda que a outra, mas uma, em particular, recebeu mais minha atenção. Não resisti e tirei uma foto com o celular. Não é coincidência demais com o post logo ali de baixo?


Claro que como desenhista sou ótima fotógrafa, mas acho que dá pra transmitir a mensagem.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Errata

Gente... Há tanto tempo estou falando mal da pessoa errada.... Aquela maravilhosa e encantadora melodia “Banho de Chuva” é da Vanessa da Mata!!! Ah, no final das contas não fez nenhuma diferença! Medalha de ouro da chatice pra ela!

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Semana passada eu tive um sonho.

Sem contexto algum, uma imagem veio e ficou marcada nele.
A única coisa que consegui pensar foi em reproduzi-la de alguma maneira, pra não deixar que se perdesse. Que outra forma senão desenhando?
E foi o que tentei fazer.
Meus dotes artísticos da infância por lá mesmo ficaram. Mas, acho que deu pra transmitir a idéia.
O nome que eu daria pra essa “obra-de-arte” me veio durante o próprio sonho.
É fato que me sinto mal por não fazer nada pra melhorar ou ao menos preservar o meio-ambiente. Pelo contrário. Sei que sou preguiçosa e indolente nesse quesito. No máximo, admito, com pesar, que pretendo não contribuir para os 9 bilhões que seremos em 2050. Não por falta de vontade de ter uma casa cheia de pirralhos, mas, para alguns poderem ter 3, 4 ou mais, alguém precisa não ter nenhum. Ainda assim, a conta parece que não vai fechar.

Bom, lá vai. O nome que eu daria seria “A culpa”.
E você? Daria outro?

Cusco



Machu Picchu

 Caminho para Puno

 Lago Titicaca



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segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Gosto musical e intelectualidade

    Não adianta mais tentar fugir. A essa altura do campeonato todo mundo já ouviu, já conhece e, amando ou odiando, já sabe cantar o maldito hit-chiclete que parece ser a cara desse nosso verão. Antes, toda nossa indignação era canalizada para o BBB, para os programas de auditório com aquelas baixarias de família, para o Domingão. Agora ela divide o palco com outras “delícias” e “Luizas”.
    Não posso deixar de dizer que fiquei decepcionada ao ver que um telejornal que eu acho relativamente bom, como o Bom dia Brasil, dedicou um tempo considerável para explicar o novo fenômeno que, pelo pouco que entendi, tem algo a ver com a ausência da tal Luíza e o Canadá.
    O que tenho reparado nas ruas e lendo os jornais é que os indignados parecem ser em tão grande ou maior número do que os próprios semeadores da tal cultura inútil. No final das contas, ainda que recriminando pelos cantos, esbravejando nosso descontentamento, acabamos sendo também os grandes financiadores da dita inutilidade.
    Mas, pensando bem, por que os defensores da expansão intelectual 24 horas por dia teriam orgulho de cantar algo do tipo “Paçoca, mariola, quindim, frumelo, doce de abóbora com coco, bala juquinha, algodão doce e manjar” por aí? Acho o cúmulo da breguice, mas, a partir do momento em que sabemos a proveniência de tais palavras, a história muda de figura. Afinal, ouvir Michel Teló é desprezível; apurar a audição com Marisa Monte é chique!
    E dessa, você gosta? Já cantou e dançou muito ao som dela, confessa?

Ai, ai, ai, ai, ai, ai, ai, ai, ai, ai, ai, ai, aaaaaaai
Ai, ai, ai, ai, ai, ai, ai, ai, ai, ai, ai, ai, aaaaaaai
Ai, ai, ai, ai, ai, ai, ai, ai, ai, ai, ai, ai, aaaaaaai
Ai, ai, ai, ai, ai, ai, ai, ai, ai, ai, ai, ai, aaaaaaai

    Super brega!!! Mas, sabendo tratar-se de "Banho de Chuva", da Adriana Calcanhoto a gente olha com outros olhos, não é mesmo?
    Sabe outra que, motivo de grandes gargalhadas de uma certa duplinha de irmãs, é responsável, desde criança, por essa visão esculhambada que tenho de algumas músicas brasileiras?

Quem dera ser um peixe
Para em teu límpido
Aquário mergulhar
Fazer borbulhas de amor
Prá te encantar
Passar a noite em claro
Dentro de ti... Um peixe
   
    Pessoas, compreender essa letra é um dos meus grandes desafios desde a infância! Alguém, por favor, qualquer um, você mesmo, me explique o sentido da mensagem? Que metáforas são essas, pelo amor de deus??!!
    Escrevo isso tudo, mas admito que já fui pega em flagrante delito assistindo BBB, os mal fadados bate-bocas vespertinos e resmungando a Delícia pelos cantos. Tenho meus livrinhos sobre besteirol feminino e não posso ver um gibizinho ou uma Marie Claire. Sei cantar um ou outro pagode, já fui a um show da Ivete Sangalo e até a um baile funk. Assumo, ué. Afinal, “eu não pedi pra nascer; nem vou sobrar de vítima das circunstâncias”.
    Acho que tudo pode ser balanceado. Logo, permito-me também alguma dose de cultura inútil, pois caso continue lendo somente essas filosofias brabas, estilo Nietzsche, Schopenhauer, Freud e afins, daqui a pouco, enquanto os chicletinhos e chicleteiros, pagodeiros e ex-bbb’s estarão em turnê ou de férias pela Europa, eu estarei trancafiada dentro de algum hospício! É claro que prefiro atividades que tragam alguma evolução espiritual, mas deixemos “cada um no seu quadrado” e esperemos que o darwinismo intelectual faça a sua parte.
   
   
    Aliás, só para finalizar. Obviamente precisei da ajuda do querido google para transcrever a passagem de algumas letras. A “Não é proibido”, da Marisa Monte, por exemplo, cujo nome eu nem sabia. Percebi que um de seus refrões diz assim:

Vai ser nesse fim de semana (uh)
Manda um e-mail para a Joana vir (uh)
Woo.. Uh!
(uh)
Não precisa bancar o bacana (uh)
Fala para o Peixoto chegar aí! (uh)

    Cara, achei muito preconceituoso isso! Por que cargas d’água a Joana e o Peixoto não podem ficar de fora da festa, mas esquecemos a Luiza? Coitada! “Era só uma menina, e eu pagando pelos erros que eu nem sei se cometi. Se eu queria enlouquecer essa é a minha chance”... Essa é a nossa chance! Permaneça incólume quem for capaz e faça o favor de compartilhar a receita!

Limites da vaidade

    Não é com frequência, mas, de vez em quando acontece de eu estar no salão e, seja pelo fato de ser um ser humano condenável, seja pela simples falta de opção, acabo tendo uma revista Caras, Contigo ou outras do gênero nas mãos. Certamente não são muitas as “matérias” ali capazes de mudar nossas vidas, mas consigo extrair delas alguma diversão.
    O que sempre acho legal são aqueles quadrinhos clássicos, dos ditos in e outs; o que pode e o que não pode; o proibido e o permitido; o brega e o fashion. Como o excesso de vaidade não me toca muito, um dia desses, na praia, tive a ideia (talvez produto de uma insolação) de fazer uma tabelinha dessas, ao melhor estilo Jessica’s style of life.

OUT: Esmaltes fuchsia, lápis-lazuli, magenta ou fumê
IN: Esmaltes laranja, sempre que der vontade

OUT: Biquínis descombinados, tipo uma peça verde, a outra azul e uma alça amarela. Não esqueça a sandália dourada.
IN: Peças descombinadas porque você adora aquele seu biquíni rosa, mas a calcinha do conjunto não lhe cabe mais. Mescle com o azul mesmo.

OUT: Cabelos curtos a partir dos 30 anos
IN: Cabelos compridos a partir dos 30 anos, porque sua avó já diz, há mais de 80, que não se mexe em time que está ganhando

OUT: Cabelos lisos e escovados, custe o que custar (ainda que seja o convite para um banho de chuva com seu namorado)
IN: Cabelos naturais, de modo que possa deixá-los secar livremente no caminho pro trabalho ou atender ao entregador de pizza sem enrubescer

OUT: O celular da moda, com todas aquelas funcionalidades que lhe tomarão uns 2 anos para entender. E que talvez você nunca use
IN: Celular de última geração só se você ganhar de presente

OUT: Frequentar o barzinho e o restaurante do momento só para não fazer feio com os amigos
IN: Frequentar o boteco sempre que estiver em boa companhia, desde que sirvam mate e uma boa comida

OUT: Usar bolsa, óculos, relógio e roupas de grife, mesmo que falsificadas
IN: Usar as bolsas, roupas e acessórios que puder comprar, desde que originais

OUT: Silicone, butox, lipo, lifting e excesso de pancake
IN: Enquanto a mãe natureza permitir, prezar pela originalidade por dentro e por fora

OUT: Blusa com listras horizontais porque está na moda, mesmo se você for baixinha e cheinha
IN: Blusa de listras horizontais só se te cair bem

OUT: Acessórios de oncinha, ainda que carregue demais o seu visual
IN: Acessórios de oncinha sempre que lhe der na telha

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Educação na Coréia do Sul

    Há cerca de três semanas assisti um programa no canal Futura sobre a educação na Coréia do Sul. Achei interessante, pois eu não tinha nenhuma ideia sobre o sistema de ensino por lá.
    Fiquei surpresa quando vi a rigorosidade com que o assunto é tratado. Além de passar várias horas por dia nas escolas, a grande maioria ainda frequenta cursos extensivos na parte da tarde e estuda várias horas nos finais de semana. Para quem não tem condições de pagar os referidos cursinhos, a derrota na competitiva disputa por um futuro promissor é praticamente certa.
    Um ocupante de cargo na área de educação falou sobre o excessivo clima competitivo em que os adolescentes estão inseridos, o modo como são cobrados diariamente pelos pais, mas, principalmente, por si mesmos. Enxergam uns aos outros como adversários em potencial. Com pouco (talvez nenhum) tempo dedicado às brincadeiras e atividades mais leves, é alto o índice de suicídios por lá nessa faixa etária. Sempre preocupados com a concorrência, pressão e cobrança, ficam estressados além da conta.
    Também se faz presente a preocupação com a ocupação de cargos menos visados. Como se pergunta o diretor de uma escola, quem vai almejar uma carreira de pintor, na construção civil ou outras de não tanto prestígio, numa geração que sonha tão alto?
    Interessante também ouvir os próprios adolescentes falando sobre sua rotina e seus planos para o futuro. A eloquência deles é surpreendente. Meninos e meninas de 15 anos, falando com uma desenvoltura que penso nunca ter desenvolvido, apesar da timidez, mesmo após meus cinco anos de preparo para a advocacia. O sonho de um desses garotos, inclusive, era tornar-se um advogado com escritório em Manhattan e ser proprietário de uma casa em alguma ilha grega. Simples assim! E eu, que me dava por satisfeita por ter conseguido, ao menos em potência, realizar o sonho trino clássico de toda menina, aeromoça, advogada e bailarina, comecei a pensar que talvez tenha sonhado raso demais.
    Não sei. Estou pensando sobre esse programa há dias. Acho que por ser algo tão distante da realidade brasileira, fiquei meio perdida, sem saber por onde começar a raciocinar. Dois extremos tão distantes. Parece que era mais fácil criticar e pensar um sistema de educação tão desenvolvido como uma utopia, distante e impraticável. De certa forma, encerrava o assunto. Mas, ao que parece, encará-lo de frente, como uma realidade, também não é tarefa tão fácil.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Ano Novo; Promessas Velhas

    Mais um ano que começa. Época de promessas. Fazer dieta, malhar, estudar, aprender um idioma, terminar a monografia, encontrar um novo amor, viajar. Matrícula na academia, no cursinho, check up marcado, hora no salão pra mudar o visual, agenda novinha debaixo do braço (a qual será deixada de lado até meados de março). Como sempre, os mesmos planos e atitudes do ano retrasado, pois creio que sejam poucos os que conseguiram cumprir as metas a que se propuseram na virada anterior. Como diz meu ídolo Bono Vox: nothing changes on New Year’s day.
    Mas isso não é uma crítica não. Pelo contrário. É só uma constatação. Eu mesma continuo com o mesmo plano de todos os outros anos, qual seja, não fazer planos. Primeiro para não me sentir frustrada, caso chegue ao final de 2012 sem conseguir cumprí-los; segundo porque não tenho muito mais o que desejar. Se as coisas continuarem no ritmo que estão, já me dou por satisfeita. Nesse assunto, por incrível que pareça, adoto a ideia do Zeca Pagodinho e deixo a vida me levar. Minha única esperança é a de que me leve para algum bom lugar.

domingo, 8 de janeiro de 2012

Capacidade de tolerar

    Ontem assisti a um filme intrigante. Num final de sábado, sem planos mais interessantes, peguei o jornal e resolvi partir para o Artplex, decidida e inspirada a assistir a um filme estilo cult, num daqueles ambientes onde se ouve pessoas falando em inglês do lado direito e outras em francês do esquerdo. Dá até a impressão de que estamos num pedacinho da Europa, de frente para uma das paisagens mais bonitas do Rio. Resumindo, um daqueles refúgios que eu, particularmente, adoro.
    O garoto da bicicleta. Engraçado que, assim que o filme terminou, minha reação imediata, bem como a de alguns outros espectadores que exclamaram um “hum?” foi de decepção. Sabe um daqueles finais em que você se pergunta: “Acabou? Assim mesmo, de repente?” Então. Foi assim. A princípio, frise-se. Não tardou muito e na própria volta para casa acho que vislumbrei a beleza do filme. Senão a intencionada pelo diretor, ao menos a que minha sensibilidade foi capaz de auferir.
    Até que ponto vai a nossa capacidade de amar e de perdoar? Acreditamos que as pessoas podem mudar e, mais importante, até que ponto estamos dispostos a esperar por isso? Eu me incluo na categoria dos que acreditam sim que as pessoas podem mudar. Tem gente que persiste na ideia ferrenha de que não; personalidade, caráter, ideais, trejeitos, visão de mundo, é tudo inalterável. Respeito, mas não abraço a ideia. Basta olharmos um pouquinho para trás na nossa própria existência. Nossa! Agradeço todos os dias pelas transformações de que já fui vítima e receberei de bom grado as vindouras. A grande questão que me vem agora é até que ponto eu teria paciência para esperar pela transmutação alheia. E esperar sem interferir de forma direta, pois neste caso seria um falso acreditar.

Qual o seu destino?

    Esse sábado foi engraçado porque foi um daqueles raros em que, precisando de muito espaço e tempo livre para pensar, dar vazão a esses pensamentos que tem me tirado o sono e trazido mais pressão do que eu gostaria, resolvi somente correr e não andar de bicicleta, pois nem ao trânsito eu estava disposta a oferecer minha atenção. E assim foi. Depois da primeira volta, como é de costume, parei para tomar alguma coisa sobre uma sombra acolhedora e, vejam que sorte, encontrei um Golden bem do meu lado, o qual, ganhando meu afago, ainda que de forma despretensiosa, também me acariciou. Depois da segunda volta, nova parada em outro de meus abrigos favoritos.
    Com meus fones inseparáveis, na pracinha dos bebês, ao lado de uma mãe e seu filhotinho. Ali me deixei levar, menos pela música e mais pelos pensamentos arredios, soltos, desconexos, desregrados, apaixonados e, ao mesmo tempo, e não ilogicamente torturantes! Quando finalmente dei por mim e voltei do “transe”, a mamãe ao lado me pergunta se pode me fazer uma pergunta. Como não uso relógio, fiquei meio ressabiada, pois o que uma desconhecida poderia querer me perguntar senão as horas? Mas, claro, disse que sim. A danada perguntou se, por acaso, eu estaria meditando. Minha primeira reação foi dar uma daquelas minhas gargalhadas características, que quem me conhece reconhece a uns 2 quarteirões de distância. Depois respondi (verbalmente) que não; estava só ouvindo música e filosofando; que quando ouço música filosofo mesmo, me disperso, mas não chego a meditar não. Ela disse que eu parecia estar de olhos fechados, como se estivesse meditando. Cara, sei que não parei mais de rir. A mulher deve ter me achado uma doida, e o que eu não daria para ver minha própria fisionomia num desses momentos!
    Sabe que voltei para casa pensando que, quem sabe, aquilo também não fosse, de fato, uma forma de meditação? A grande questão é que a meditação tradicional visa te trazer para o presente e, garanto, o presente é o último lugar onde eu estava naquele momento! Meus destinos principais são sempre o futuro do pretérito e o pretérito imperfeito mas, nem por isso, talvez, seja um método menos eficaz.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Natal de 2011

    Como é fato que sou adepta de um estilo nostálgico, resolvi tentar escrever sobre algumas lembranças que costumam advir nessa época do ano. Foi bom recordar algumas coisas da infância, embora não sem grande esforço de memória, devido ao mal que padeço nesse quesito. Pena que, graças a essa minha deficiência, com certeza muitas coisas legais restarão perdidas.
    Lembro-me de ficar deitada no chão, sentada nos degraus de casa, contando os pássaros em revoada, e que chegavam as centenas... Nunca mais passaram voando sobre mim ou sou eu quem não teve tempo de, sempre avoada, parar para observá-los?
    Lembro de fazer sorvete, sacolé. De pular elástico, andar de patins agarrada no para-choque dos carros, de subir em árvores e o medo que precedia tal peripécia. De correr, pular, cair, machucar os joelhos sempre no mesmo lugar, enquanto as feridas anteriores nem estavam ainda devidamente saradas. Tempo em que não me importava com cicatrizes. Quando nem imaginava o que eram marcas de estrias ou de rugas.
    Lembro de, em minha ultra inocência, trocar dez papéis de carta por um (isso quando ele não vinha com envelope, hipótese em que me desfavorecia de onze!), e de dar dez bolinhas de gude em troca de uma, só por ser esta um pouco maior do que as minhas! Perdemos todos a inocência e estou certa de desconfiar até mesmo de toda e qualquer promoção simplesmente por ser boa e fácil demais?
    Lembro do dia de brincadeiras onde deixei que me pintassem e vestissem de noiva (pelo menos, resta o consolo de que, ao menos uma vez na vida, tive a experiência). Época em que, ausente essa timidez que hoje não me permite grandes exuberâncias, andava pelas ruas fantasiada em meu vestido verde e no salto alto da vovó. Onde está aquela coragem que me fazia uma criança despudorada, que se fantasiava de odalisca e fadinha, e que se tornou uma adulta que, com alguma frequencia, gostaria de andar vestida sob uma capa de invisibilidade?
    Saudades da época em que o castigo era não poder sair para brincar e nos divertir desvairadamente, enquanto hoje vivemos reclamando de quem nos tira do sério.
    Digam-me que não eu era a única a ouvir o mesmo CD (e fitas K-7, ok) dezenas de vezes, acompanhando o encarte com as letras e de se imaginar cantando e dançando desenvoltamente no meio da multidão? Escrevo isso ao mesmo tempo em que olho para a estante bem aqui atrás, ainda com CDs intactos, comprados há pelo menos dois anos.
    Lembro do quanto esbravejava por ter que atender o telefone. Agora, não me imagino sem celular. Tempo, aliás, em que trote era simplesmente ouvir a voz da pessoa do outro lado da linha dizendo alô em vão, enquanto agora reputamos qualquer ligação estranha como precursora de algum falso sequestro.
    Lembro como se fosse ontem dos olhos inchados por ser obrigada a sair de casa para comprar sapatos. Quem imaginaria a centopeia em que me transmutaria, não?
    Todas essas lembranças trazidas a tona nessa época do ano, quando sempre me recordo de como descobri que Papai Noel não existia. Lá estava eu esperando por ele. Olhos fixos no céu do quintal de minha casa. Passava da meia noite e nada! Obviamente não entendia nada de trânsito, ainda mais o aéreo, mas, com certeza, a hipótese de atraso estava completamente descartada, de modo que imediatamente esbravejei que ele não existia. Na esperança de algum consolo, eis que me dizem simplesmente: “Tá bom. Ele não existe mesmo. Mas não conta nada pra sua irmã, tá?” Foi a primeira verdade nua e crua que me disseram na vida!! Desse jeito, a seco, tornou-se inesquecível!
    Crescer e ter maturidade será isso? Ter a (mal ou bem) dita consciência e exata noção de como as coisas funcionam? Da engrenagem por trás dos panos? Levar uma vida tão agitada, sempre correndo atrás da sobrevivência e do sustento do presente, na esperança de gozar um futuro tranquilo? Se ao menos conseguirmos, percebendo que é chegado o momento de desfrutá-lo, desacelerar...
    Um dos meus maiores medos, se não o maior deles, não é o de morrer, mas sim o de perceber, no fim da vida, que não fiz tudo o que podia, que não fui tudo o que era capaz. Mas, a essa altura, já percebi que tem coisas que só o passar do tempo, a dita maturidade, pode nos mostrar. Tenho certeza de que lá na frente perceberei coisas que não consigo vislumbrar agora.
    E, já que será inevitável um ou outro arrependimento, não só por algo que fiz, mas, principal e mais dolorosamente, por algo que deixei de fazer, eu pediria ao Papai Noel que me permitisse viver, nem que ao menos por um único dia, de novo naquela condição de criança. Naquela ignorância verdadeiramente inocente e abençoada.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

De repente...

    Esse fim de semana estive na comemoração do aniversário de uma amiga. Um almoço para o qual, já digo de passagem, ao meio-dia de um domingo nublado, não estava nem um pouco incitada a ir. Mas, tratando-se de uma das poucas grandes amigas que ainda tenho, não permiti que o desânimo me abatesse por mais do que alguns segundos. E assim, lá fui eu, ligada mais no piloto automático do que na diversão por vir. Admito que receava ficar isolada num cantinho onde, graças a essa minha timidez, somente a cachorrinha da anfitriã fosse capaz de me entreter.
    Mas, como as surpresas se apresentam na mesma proporção para todos, os bons e os maus, eis que começa a rolar um papo sobre música, concursos, faculdades. Começo a me soltar, obviamente respondendo perguntas que me são diretamente dirigidas, e logo estamos falando sobre filosofia, ioga, meditação e, finalmente, astrologia, assunto pelo qual me interesso e que vejo praticamente como relegado.
   Nessas horas penso que a solidão tem mil e um aspectos positivos. A mente não pára, de forma que os pensamentos estão constantemente se desenvolvendo, criando, mas até isso tem um limite. Digamos que o espaço reservado ao cambaleio dos devaneios é proporcional ao estreitamento das informações que previamente possuímos e a capacidade de cruzá-las, ainda que de forma completamente desconexa e incoerente. Acho que é isso que torna tão gratificantes e deliciosos os ditos insights, sensação que uma boa conversa com pessoas afins pode proporcionar mais intensa e rapidamente.
    Boas surpresas. Uma daquelas delícias que somente a falta de expectativa é capaz de me proporcionar.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

protesto

Poxa... Por que não colocaram o Márcio Gomes de vez no JN?
Mas também, caso o fizessem, eu não teria mais sua companhia em minhas corridas durante o Bom Dia Brasil.
E como almoçaria nos feriados, sem sua presença no RJTV?
Ai... Vou iniciar o projeto “Márcio Gomes em todos os telejornais”! 24 horas por dia! :)

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

    Durante essa semana de provas me lembrei de um dia, durante a copa do ano passado, quando eu estava num bar com amigos e percebi que o cara da mesa ao lado tinha, ao lado dos copos, a Ética de Spinoza. Lembrei de como gargalhei, de forma escancarada pelo fato de alguém trazer um livro sobre ética para uma mesa de bar!! Detalhe: lembrei-me disso enquanto corria na esteira e, entre uma passada e outra, estudava sobre deus, graça, teoria da iluminação, pecado... Foi quando a ficha caiu. Hoje em dia quem anda fazendo coisas bizarras por aí sou eu. E hoje mesmo estou com a minha Ética debaixo do braço...

Ah, essa minha volubilidade...

    Como já disse a um amigo lá na faculdade: li Platão e amei. Mostram-me Aristóteles e, ainda no que for contrário ao seu mestre, provavelmente concordarei. Conheci um pouco de Kant e até Hegel, que teve meu ídolo Schopenhauer como algoz, apreciei. Leio Hobbes e admiro, ao mesmo tempo em que me encanto divinamente com Spinoza. E assim eles vão, sucessivamente criticando uns aos outros, e por todos me apaixono!
    Êta coração danado pra ser bandido!!!

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Considerações de uma balzachiana do início do séc. XXI

    Tem horas que dá vontade de deixar a esperança de lado. Tomo isso como um ato plenamente volitivo, pois, a partir do momento em que tenho pleno conhecimento de sua verdadeira finalidade, não posso encará-lo de outra forma. Como disse Nietzsche, a esperança é um mal derradeiro, o pior dos males porque prolonga um sofrimento. Logo, como sou humana e reconheço certas fragilidades das quais ainda não consigo fugir, digo que tenho vontade de abandoná-la, mas não que o vá fazê-lo, pois, encarando-a como mal evitável, ao mesmo tempo a vejo como alternativa útil e justificável.
    Lembro-me da vez em que ganhei um livro de auto-ajuda para mulheres de uma amiga que comprou, de uma só tacada, cinco exemplares e distribuiu entre conhecidas. Já comentei sobre isso em um post antigo, quando ela dizia que eu deveria escrever um livro tal qual aquele, uma vez que, ao menos na visão dela, eu teria algo interessante a dizer nesse sentido. Não aceito, ao menos por enquanto, a incumbência, pois talvez minha própria experiência e condição atual, dependendo do ponto de vista, tornassem desprovido de crédito qualquer conselho meu nesse sentido.
    A essa altura, já estamos todos calejados, com nossos traumas, feridas (algumas já cicatrizadas, outras nem tanto), questões do passado mal resolvidas, preconceitos, sem muita paciência para investir, dialogar e dar chance para o novo. Julgando todos que entram na nossa vida de acordo com os machucados que já carregamos.
    O que eu diria hoje é que vejo a minha geração numa fase de transição, com ao menos três níveis de gradação, convivendo ou ao menos tentando conviver. Vejo as tresloucadas, despudoradas, as praticantes de sexo virtual, as que transam, sem peso na consciência, no primeiro encontro, as que dizem amar em poucas semanas e trocam de amor em poucos meses, as adeptas radicais desse feminismo, tal qual a entrevistada numa reportagem que li numa revista. Lá ela pregava igualdade total entre homens e mulheres, o fracasso fadado da fidelidade (detesto essa história de que somente há traição quando rola sentimento), a ideia do romantismo como algo ultrapassado... Me soa muito estranho qualquer cenário onde a feminilidade seja totalmente desconsiderada. E olha que não me considero das mais românticas, mas como negar o prazer que temos ao receber uma flor, um elogio, quando nos abrem a porta do carro, quando nos dão a preferência ou outra gentileza masculina qualquer? Tem coisas que fazem parte da natureza feminina e, ao menos por enquanto, não inventaram remédio para isso!
    Também não vejo um futuro promissor para aquelas que se encontram do outro lado da linha. Lado onde vejo as recatadas, que tem medo de conhecer gente pela internet, que sonhavam em se casar de branco na igreja, ter somente um ou poucos homens na vida, que não admitem qualquer tipo de traição (nem simples indícios), as que, de tanto esperar pelo tempo certo das coisas, quando decidem agir acabam percebendo que já é tarde demais, as que antes de se entregar querem conhecer os valores de família do outro e mostrar os seus.
    E claro, o gênero intermediário, das deslocadas, das que não são tão românticas, pois não fazem questão de ganhar um buque com uma dúzia de rosas, mas se encantam quando ganham uma solitária; não fazem questão de casar de branco na igreja, mas querem uma festa, por mais simples que seja, para celebrar o momento; não fazem questão de ganhar jóias caras, mas se chateiam se as datas especiais são esquecidas; não fazem questão de várias ligações ao longo do dia, mas dormem mais tranquilas quando ouvem a voz do companheiro antes de se deitar; as que não esperam que o casal esteja sempre grudado, pelo contrário, gostam de ter seu espaço e respeitam e incentivam o momento do outro.
    Foi nessa parte do raciocínio que me ocorreu a ideia da esperança. Que saída: juntar-me de vez às tresloucadas, tendência para qual minha personalidade, sob alguns aspectos, parece ser naturalmente inclinada ou retrair-me cada vez mais, fechando todas as portas a ponto de eliminar as boas chances que poderiam aparecer, mas preservando minha paz de espírito, direção para a qual também me vejo fortemente tendente?
    E aqui entra o lado masculino também. Como as relações estão plenamente efêmeras, fulgazes, facilitadas, os homens também estariam um pouco destituídos de algumas funções características. Mandar flores e parecer piegas ou não fazê-lo e, adotando um estilo mais descompromissado, cafajeste, agradar uma inumerável parcela do sexo oposto? Escrever um belo poema e parecer adepto do sentimentalismo barato (praticamente sem espaço hoje), ou escrever logo uma sacanagem e passar a ideia de bom pegador?
    Conheço os que estão solteiros a contragosto (o que não significa necessariamente sozinhos), simplesmente por não encontrarem alguém que faça valer a pena sair dessa condição e os que, amantes de desenfreada liberalidade feminina, caem na farra e não acreditam nem esperam algo muito diferente disso. Os que, embora conscientemente elogiem a revolução feminina, na prática não sabem lidar com nossa independência e segurança, seja financeira ou emocional (pois sim, também acho que isso lhes retirou um pouco a proeminência no jogo) e os apreciadores das sutilezas femininas, ainda que na simples delicadeza de um vestido! E assim, ao menos enquanto gênero, enxergo os homens, em sua brutalidade, na condição de opressores e, ao mesmo tempo, em sua sensibilidade, como vítimas da própria opressão.
    Acho que, desde que consciente deste ato dilacerante, ao menos por enquanto me permitirei o artifício da esperança. Primeiro porque esse meu excesso de transparência, característica facilmente notável por quem realmente me conhece, me causa, ao menos enquanto dela não tenho pleno domínio, repulsa à utilização de qualquer máscara.
    Segundo, porque acredito que haja mais pessoas perdidas por aí. Conheço e convivo com gente de todos os tipos aqui descritos. Por isso, desde que continue me permitindo conhecer pessoas (pois meu descrédito no otimismo e romantismo exagerados me bloqueia a ideia de que a sorte fará a felicidade bater a porta), acredito ainda ser possível esbarrar com semelhantes.
    Terceiro, porque hoje vejo essa questão pessoal não como um complemento para a vida, mas como um elemento agregador. Como diz aquela historinha onde chega-se a conclusão de que o melhor lugar para se esconder um tesouro seria dentro do próprio ser humano, pois é o último lugar onde procuraremos por ele. Não adianta procurar a felicidade em outro lugar que não dentro de nós, embora eu também aceite que elementos externos possam sim potencializá-la.
    Minhas decisões foram tomadas de forma consciente, embora não sem muito derramamento de lágrimas. Troquei mais de uma vez a segurança pela simples esperança, com convicção das dificuldades encontraria. Digo que, ao menos por enquanto, não sinto arrependimento de nada e fui mais longe do que pensei ser capaz.
    Talvez minha opção pela solidão já tenha sido mal interpretada. Dizer que sou feliz sozinha e, ao mesmo tempo, mais feliz ainda com uma boa companhia, pode parecer paradoxal, o que creio ter bem explicado agora. Assim, feliz já me considero. E tanto, a ponto de ver na união como casal não um complemento, precursor de dependência, mas como oportunidade de compartilhamento desse sentimento. Talvez seja um dos poucos casos onde dividir seja mais!

Fui dormir pensando que as prováveis gotas que cairiam do céu no dia seguinte seriam as lágrimas de alguém lá em cima, compartilhando de minha melancolia. Mas, num lampejo de otimismo, acordei achando melhor pensar que seriam decorrentes da limpeza do salão pra festa.

Coisas que vale o fim de semana, partes 3 e 4

    Observar o adestramento de cães; meus novos patins; o Buks e as surpresas que me reserva; conhecer e reencontrar o Michael, o Athos e seus donos; as pessoas no slackline; a pipa; o mar agitado; o canto dos pássaros; o carinho dos amigos e da família (mesmo com telefonemas que me acordaram cedo demais); os presentes (todos, mas principalmente os livros); as gargalhadas e a própria melancolia, pois acho que até nela é possível vislumbrar alguma beleza.
    Correr e andar de bicicleta na chuva, e observar como ela camufla o suor do corredor e disfarça o choro da mulher. Chegar em casa toda suja de lama... e largar a bicicleta mais suja ainda!

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Menos um

    Lá estava eu, na minha aula de filosofia medieval, ouvindo sobre Santo Agostinho, quando o professor começou a falar sobre a tal acrasia. Algo sobre não ter domínio de si próprio, ausência de auto-controle, e que nos levaria a questionar por que, em determinadas situações, mesmo sabendo o que é melhor para nós, agimos de forma diferente. Fraqueza da vontade. Foi nessa hora que comentei com o colega ao lado que o nosso outro colega, que dormia bem a nossa frente, era um exemplo vivo e presente da acrasia: ele queria assistir a aula, prestar atenção, mas acabou se rendendo ao sono; sucumbiu à fraqueza da carne e dormiu! Acontece, respondeu-me ele, que nosso amiguinho tem passado as noites em uma ocupação que está rolando desde outubro lá na Cinelândia.
    Dei uma pesquisada aqui na internet e vi que se trata de um movimento dito “dos indignados”, no estilo do que ocorreu em Nova Iorque, formado por estudantes e simpatizantes de causas sociais, não só do Rio, mas também de outros Estados. Formado por diferentes estilos, o movimento congrega indignados com a situação política, com questões ambientais, com a violência e até especificamente contra a criação usina de Belo Monte.
    Eu já escrevi em um post anterior que adoro quando tenho preconceitos quebrados, não? Eu, que costumo me vangloriar de não faltar a nenhuma aula, mesmo não precisando, em tese, deste diploma para mais nada e que nunca entendi como a galera nova, que tem aquela como primeira faculdade, pode se ausentar tanto. Pois, tal qual já me disseram por lá, para que tanto empenho e preocupação se já sou formada? Mas não adianta; se me proponho a fazer, vou fazer o melhor que posso (o que não quer dizer o melhor que gostaria).
    Percebi que, no fundo, enquanto estou ali, marcando presença e fazendo algo que somente beneficia a mim mesma, alguns faltantes ou dorminhocos talvez estejam, ao menos em tese, fazendo algum bem para além de si mesmos, ou seja, mais do que eu.
    O que importa com tudo isso é dizer que, ao menos com esses tapinhas me sinto bem, pois eles me fazem repensar algumas coisas e, já que estávamos em uma aula sobre filosofia cristã, posso dizer que é o único tapa para o qual ofereço, de bom grado, a outra face. Surpreendam-me mais!

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Me alimento de devaneios...

    Num desses meus dias de folga, um daqueles que faz os críticos do funcionalismo público me odiar, assisti (na verdade, não pela primeira vez, mas minha fraca memória permite o ineditismo) a um filme de sessão da tarde. Um daqueles que remetem à infância, admitam: Mudança de hábito.
    Achei tão engraçado quando, percebendo que a revolução que causara no coral da igreja trouxe novos fiéis, atraídos pela música animada e coreografia meio que desengonçada, rebateu as críticas dos religiosos conservadores dizendo que as pessoas não iam à igreja porque achavam chato!
    Algum tempo depois me peguei pensando no texto que precisava ler para entregar meu trabalho: Crítica da faculdade do juízo, de Kant. Nunca tinha conseguido entender Kant sozinha. Costumo brincar que ele devia dizer ao elaborar cada parágrafo: “Esse é pra ninguém entender! Hoje vou escrever difícil!”. Parágrafos de dez linhas, sem um ponto final! Sinistro!
    Bom, voltando ao assunto, lá estava eu pensando no tal sujeito transcendental kantiano. Seu imperativo categórico "Age como se a máxima de tua ação pudesse tornar-se lei universal da natureza", sua idéia fixa de moral universal e, no que me tocava especificamente, seu conceito de universalidade no entendimento do belo. Como assim? Se uma coisa é considerada bela, haverá uma pretensão de que seja entendida como tal pelos demais. O reconhecimento da beleza gera uma expectativa de universalização do belo. Kant não admitiria um concurso de beleza, com gradações? Pois, pelo que entendi, a beleza de um objeto exclui a dos demais que lhe são similares.
    Foi aí que fiz uma relação, meio nada a ver, bem característica desses meus pensamentos que vagueiam livremente, sem conexão, mas que, ao final, dão uma idéia interessante. Esse tal sujeito transcendental, perfeitamente racional, moralizado e padronizado me lembrou esses preceitos religiosos de perfeição de conduta, ações regradas, ilibadas, com preocupação e vigilância eternas para não sair da linha, sob pena de castigo, penitência. Acho que foi por isso que sempre achei Kant chato, tal qual a igreja do filme, com esses imperativos distantes da realidade humana, desprezando as diferenças e a falibilidade a que todos sempre estamos sujeitos, inevitavelmente. Ditames para robôs e não para seres humanos.
    No fim, essa maluquice toda é para dizer que não peço que concordem ou discordem de mim; tudo que lhes peço é um tema.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Afinal, o caminhante solitário é um pessimista ou um otimista?

                                                                                                                                            Em 19.11.2011
    Bom, já faz um tempinho que não escrevo sobre os livros que tenho lido. Não que não os tenha achado interessantes ou dignos de nota, mas simplesmente por ter emendado um no outro enquanto várias ideias e tarefas foram surgindo ao mesmo tempo. Essa semana, porém, terminei de ler os Devaneios do Caminhante Solitário - Rousseau, cuja leitura iniciei durante as últimas férias. Foi uma leitura onde fiz questão de, fugindo a regra, não fazer de forma dinâmica. Pelo contrário: lia e relia parágrafos, não sei ainda se para melhor fixá-los ou devido ao embasbacamento que me causaram. Nunca tinha lido Rousseau e, como todo e qualquer tema que trate da solidão humana, minha atenção foi despertada. “Apesar de talvez ser o único no mundo cujo destino fez disso uma lei, não posso acreditar ser o único a ter um gosto tão natural, embora até o momento não o tenha encontrado em mais ninguém.” Ah, meu caro Rousseau... Como queria ter lhe conhecido!
    Foi um de seus últimos livros, restando inacabado. Em tais escritos, ele faz um balanço de sua vida, descreve seu amor pela botânica, pela contemplação da natureza e pela solidão. Registra seus devaneios e relata as injustiças das quais se julgara vítima. Descreve seus sentimentos no fim da vida. A percepção da iminência do fim, a consciência vívida em contraste com a falência e fraqueza do corpo e sua resignação frente a tudo isso. Descrições que me comoveram, e as lágrimas somente não rolaram porque a descrição final, inacabada, deixa a mente surpresa, vaga e os ausentes parágrafos finais a serem digeridos ao sabor de cada leitor.
    Um dos pontos que mais me tem feito refletir é aquele onde Rousseau diz acreditar que não é possível permanecermos nesse estado de completude de forma permanente. A regra não é a felicidade, mas os momentos de alegria? Por que não pode ser o contrário?
    “A felicidade é um estado permanente que não parece feito para o homem nesse mundo. Tudo na terra está em fluxo contínuo que não permite a nada assumir uma forma constante. Tudo muda à nossa volta. Nós mesmos mudamos, e ninguém pode garantir que amará amanhã aquilo que ama hoje. Assim, todos os nossos projetos de felicidade nessa vida são ilusões. Aproveitemos o contentamento do espírito enquanto ocorre: evitemos afastá-lo por erro nosso, mas não façamos projetos para acorrentá-lo, pois tais projetos são pura tolice. Vi poucos homens felizes, talvez nenhum, mas muitas vezes vi corações contentes, e de todos os objetos que me marcaram este é o que por minha vez mais me contentou. Creio que se trata de uma decorrência natural do poder das sensações sobre meus sentimentos internos. A felicidade não apresenta sinais externos; para conhecê-la seria preciso ler o coração do homem feliz; porém, o contentamento pode ser lido nos olhos, na postura, no tom, no andar, e parece ser comunicado àquele que o percebe. Haverá prazer mais doce que ver um povo inteiro se entregar à alegria em dias de festa e todos os corações se iluminarem aos raios expansivos do prazer que passa de maneira rápida, mas intensa, pelas nuvens da vida?”
    Eu acho que é uma daquelas leituras que nos fazem dar mais valor a saúde, a juventude e à lucidez. E é isso que tento fazer todas as vezes em que saio por aí, durante minhas caminhadas, corridas, a pé ou de bicicleta e que me faz querer mais: quero aprender slackline, andar de patins, viajar, conhecer o mundo, ler e escrever. Quero ouvir mais música, dançar, melhorar nos snujs e, quem sabe, aprender a tocar violão. Ver, ouvir e sentir a natureza, voltar para a ioga e aprender as técnicas de meditação. Quero estudar, tirar da minha inteligência tudo o que ela puder me dar e ouvir todas as aulas de filosofia que se dispuserem a me ensinar. E olha que a cada uma delas me convenço de que há muito mais por vir! Frase clichê do filósofo: só sei que nada sei. Mas isso não me desanima. Ao contrário, só me incentiva.
    Não sei, pode ser um pouquinho de melancolia, ainda sob o efeito catártico da leitura, desse reconhecimento da inevitabilidade do fim. Li em algum lugar que o ser humano é o único capaz de ter consciência da sua finitude. Ainda estou convencida de que a ignorância é uma benção, mas talvez, como toda e qualquer regra, também essa tenha uma exceção. Já que não tem jeito, vou vivendo tudo que me aparecer, da melhor forma que puder, o que não quer dizer com pressa, mas com intensidade. Fazendo tudo o que quero e posso, desde que não prejudique ninguém.
    E foi assim que passei esta semana. As pessoas na rua, será que me julgaram maluca? Pois sim, andei rindo pelas avenidas, dei gargalhadas na aula, tive que morder os lábios para não rir para estranhos, exceto para uma garotinha que veio me cumprimentar com um sonoro “Oiiii” e não pude resistir (aliás, dei graças a deus por não precisar fazê-lo).
    Contemplei um mar tão azul, tal qual nunca antes em meus 29 anos carioca-praianos; perdi a conta de quantos cachorros, pássaros; corri com pingos de chuva e simultâneos raios de sol no rosto; assisti a um ótimo filme e ouvi músicas melhores ainda.
    Vamos lá: o que é capaz de fazer uma pessoa sentir-se assim? Duas dicas: caso seja um homem, não se trata da vitória do seu time. Caso seja uma mulher, não se trata de uma nova paixão.
    E, ainda assim, me lembrei de quando diziam que a pessimista era eu, com minha visão schopenhaueriana de mundo. E eles, falsos moralistas, pseudo-otimistas que, em sua indolência, passam o dia simplesmente sobrevivendo e à noite rezam para a sorte e para o acaso?
    Ah, sim. Leitura atual: Quando Nietzsche Chorou e A cura de Schopenhauer, ambos do mesmo autor. Não vejo a hora de entender afinal qual, dentre otimistas e pessimistas, é o verdadeiro realista.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Inerente à falibilidade humana

Tão logo o despertar e na mente aflorar imagens soltas, dispersas, inventadas.
Até que ponto fantasiosas, ludibriantes, auto-enganadoras?
Receio da revelação, da verdade, temível realidade?
Ah, prefiro desfrutar da paixão, essa doença intratável, irremediável, fruto da inevitabilidade se ser humano.

Para alguém que me fez refletir e perceber que, pior do que temer uma nova paixão, seria reconhecer-se insensível para sofrer-se dela.