sexta-feira, 3 de junho de 2011

E se...

    Semana passada estava discutindo com amigas sobre os filmes “Antes do amanhecer” e “Antes do pôr-do-sol”. Sobre o quanto podemos nos afligir no futuro por conta de decisões tomadas no passado. O quão diferente seria o rumo de nossa vida por conta de uma decisão diferente ou, até mesmo, e pior de tudo, pela falta dela.
    Há algumas semanas eu tentava listar quais seriam meus três livros favoritos. Dentre eles, com certeza, estaria “O mundo pós aniversário”. Na verdade, acho que ele estaria no topo da lista. O livro segue um ritmo normal no início, mas, a partir de certo ponto ele corre através de histórias paralelas, cada capítulo de acordo com uma das decisões que se apresentavam à personagem. No final do livro, percebemos o quanto uma atitude pode fazer a diferença e como somos responsáveis pela nossa felicidade. E pela infelicidade também. Difícil é saber que caminho seguir na hora do conflito. Fácil falar quando já sabemos o final da história.
    Esse tema também me lembra uma das crônicas da Martha onde ela trata do “e se...” e pergunta: “E se você não tivesse terminado aquele noivado de oito anos?” Nossa! Ela agora também lê pensamentos!
     Por isso, sempre retruco quando alguém diz que gostaria de voltar no tempo e reviver tal ou qual coisa. Pode até voltar, mas tem que ser com a mesma consciência daquele momento, topa? Com a atual seria fácil demais! Mas, mesmo que pudéssemos reviver nossos 20 anos com a maturidade dos 30, por exemplo, que graça teria? Evitaríamos alguns erros e cometeríamos outros, não tem jeito. E quereríamos os 20 anos com a maturidade dos 40, 50, 60... Ainda assim, onde estaria o entusiasmo para rever um filme o qual já conhecemos o final? Bom, com certeza haveria vantagens, mas, já preparados para tudo, não nos surpreenderíamos com nada e tenho minhas dúvidas sobre a satisfação disso.
    Dentre todos os questionamentos filosóficos clássicos como “de onde viemos, para onde vamos, por que, quando e como” talvez falte o mais intrigante de todos: e se tivéssemos feito algo diferente? Isso justamente porque, dentre todas as questões mais absurdas que poderíamos aventar, esta talvez seja a que mais suscite respostas concretas, plausíveis e perturbadoras.
    Depois de muito pensar sobre isso, simplesmente não sei mais o que pensar. Nem cheguei à conclusão nenhuma. Acho que o questionamento é profundo e pode machucar. Por isso, amigo, não sei se te desejo que reflitas sobre a questão para que, talvez, abra os olhos para o que possa te passar despercebido ou que leves uma vida tão boa, feliz e completa que nunca precises se deparar com ela.