quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Que viagem!

   Há algum tempo atrás li numa Revista Superinteressante algo sobre a impressão que temos de que a viagem de volta parece sempre mais rápida do que a de ida. Na ida, tudo é novo para nós. Por isso, atentamos mais aos detalhes e às sensações. Já na volta, ocorre algo tipo uma reprise e, por isso, temos a impressão de que passa mais rapidamente.
   Algum tempo depois, li um texto de Schopenhauer cuja pedra de toque considerei ser a mesma embora, claro, sob outro prisma e com seu enfoque filosófico. Diz ele:
   “Durante a infância, a novidade de todos os objetos e eventos estampa-se sem exceção na consciência. Por isso, os dias são interminavelmente longos; o mesmo acontece nas viagens, quando um mês parece mais longo do que quatro passados em casa. Contudo, essa novidade das coisas não impede que o tempo, que frequentemente nos parece mais longo nos dois casos, de fato “se torne longo” antes da juventude e nas viagens do que na velhice ou em casa. Porém, pouco a pouco, devido ao longo hábito das mesmas percepções, o intelecto torna-se tão desgastado que tudo passa por ele impressionando-o sempre menos, o que faz com que os dias sejam cada vez mais insignificantes e, assim, curtos. As horas do jovem são bem mais longas do que os dias do ancião”.
   Para o jovem, cheio de perspectivas, ambições e coisas por descobrir, os dias pareceriam mais longos. Para os mais velhos, os dias, por repetição, acabariam por parecer mais curtos. Acho que a idéia de fundo entre os assuntos foi a mesma. A relação com a novidade, com a expectativa e, em última instância, a relação de vivência com o presente.
   Depois de fazer essas ilações, me peguei pensando: vive mais quem tem muitos anos de vida ou quem aproveita melhor o presente, em seus detalhes? A longevidade se relaciona mais com a expectativa de vida ou com o melhor aproveitamento de seus momentos?
   Bem, na dúvida, vou fazendo a única coisa que posso que é tentar viver o presente, palavra, aliás, cuja própria dubiedade de interpretação já pode ser um indicativo de resposta.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Anos 80

   Tem um e.mail que circula há um tempo e que traz à tona boas recordações dos anos 80, com imagens de alguns de seus elementos mais representativos como fofão, lango-lango, cigarrinho de chocolate, karaokê, dentre outros. Recebi este e.mail semana passada e, enquanto o lia, exclamava entusiasmada: Caraça! Eu me lembro disso! Eu tinha! Como eu gostava disso! Fui interrompida por uma amiga que disse: Jéssica, até parece que você nunca viu esse e.mail. Ela tinha razão. Não foi a primeira vez, mas a reação foi a mesma. Em se tratando de música então, considero os anos 80 insuperáveis. Costumo dizer que gostaria de viver na década 80 com a idade de hoje. Teria aproveitado tanto!
   Sabe aquela música que a gente ouve tantas vezes que parece que o CD vai desgastar de forma desigual naquela faixa? Tem uma música que conheci esse ano que provoca isso em mim: The Gallery, do Muse (Hullabaloo). É de ouvir com a tecla “repetir” ativada! Foi amor à primeira vista ou, ouvida, embora ela tenha um chiado de fundo que perdura por toda a música ao ponto de, a princípio, me fazer pensar que o CD, apesar de novo, estivesse arranhado.
   Mesmo assim, não parava de ouvi-la. Hoje percebo que grande parte do seu encanto se deve justamente ao tal chiado, incessante e permanente ao longo de toda a faixa. Mas, quando a ouço, ainda penso: o que levou os caras a combinarem um chiado com uma melodia tão linda?
   A coluna do Veríssimo de hoje (26/09/2010) trata da sua animação com a volta do disco de vinil. Comparativamente ao CD, além da superioridade em relação à fidelidade sonora, também tem o tal “ruído de superfície, o chiado da agulha no sulco, que na verdade, é uma vantagem, faz parte do seu charme. As pessoas não sabiam o que estava faltando no CD e, de repente, se deram conta: faltava o chiado. (...) Dizem que já se chegou ao cúmulo de acrescentar um chiado em gravações de CD para simular o ruído de uma agulha lavrando um sulco inexistente. Não sei.”
   O Veríssimo pode não saber, mas eu, graças a ele, agora sei. Sei por que aquela música mexe tanto comigo: reminiscências dos anos 80. O título de sua crônica foi: Nós, obsoletos. Concordo e acrescento: Eu, você, nós obsoletos; eu, nostálgica.
Meu Deus!! O que é isso?

Enigma – The Piano
Massive Attack – Teardrop
Alessandro Safina – Luna
Sublime: Badema - Urga

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

A paz e o branco

Todo final de ano vem à tona a questão da influência das cores para o novo ano. Sem dúvida o branco reina, imperioso. Não ligo muito pra isso, e não me lembro de alguma vez ter passado de branco. Se fosse pra canalizar energia sobre algum aspecto, passaria de rosa, vermelho ou amarelo. Não entendia por que o branco, representativo da paz, era quase unanimidade. Paz como o avesso da guerra? Da violência?

Hoje quero paz interior. Peace of mind. Tranqüilidade e acalmamento da mente e dos pensamentos. Por que é tão difícil acalmar uma mente irrequieta? Será que algumas daquelas pessoas de branco na praia almejavam a paz nesse sentido também? Ainda bem que existem a ioga e a meditação para ajudar.
Apaziguamento da mente com seu esvaziamento. Será por isso que a paz é representada pela ausência do branco? Mas, por ser na verdade a junção de todas as demais cores, poderia ser também pelo aspecto do controle. Pela ausência ou pelo controle, quero a paz e, nesse ano, passo a virada de branco.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Conhecimento

Sobre o que ainda se pode filosofar hoje em dia? O quê de novo ainda não foi pensado ou dito? Hodiernamente, basta jogarmos a idéia no Google e lá vem tudo mastigado e digerido. Nada contra a acessibilidade à informação, mas fico imaginando como seria nos tempos antigos divagar sobre o formato do planeta, o heliocentrismo, a constituição do arco-íris e todos os demais fenômenos naturais.

Legal termos acesso fácil ao conhecimento, mas que devia ser super instigante aventar uma hipótese explicativa e criar argumentos sólidos para embasá-la, isso devia.

"Chamamos ao reflexo do sol nas nuvens arco-íris. Por isso é sinal de tempestade; pois a umidade, que cobre a nuvem, ou cria vento ou derrama a chuva" (Anaxágoras)

Mudar o mundo

Acho que uma das representações mais interessantes da juventude é aquela do jovem revolucionário, cheio de vontade de mudar o mundo, principalmente se acompanhada de idéias viáveis.
Com o passar do tempo é quase inevitável que o desgosto e o comodismo nos assole e desistamos ou, ao menos, não pensemos mais no assunto com freqüência.
O que tem me atingido ultimamente, porém, é o fato de piorarmos a situação das coisas. Explico: seria ótimo se uma pessoa séria e honesta, com boas idéias tivesse a chance de engrandecer a sociedade, se candidatando ao Governo, por exemplo. Mas acho até razoável que, frente a tanta corrupção e esquema necessários para entrar nesse meio, o cara simplesmente resolva viver sua vida de forma tranqüila e, felizes serão seus vizinhos se ele topar ser síndico do condomínio. Agora, reclamar das enchentes e jogar lixo no chão; reclamar da sujeira da cidade e fazer chuva de papel picado no final do ano; reclamar da política e votar no palhaço Tiririca... Na boa: muito ajuda quem não atrapalha.
Não espero grandes revoluções sociais. Depois de um tempo e algumas decepções o desejo de juventude vira utopia mesmo. Hoje prefiro continuar acreditando nas pequenas transformações, na vizinhança, no bairro, na cidade.
Tenho pensado nisso e acho que o ponto de partida é uma mudança interna, enquanto indivíduo. Do singular para o coletivo. Prometo a mim mesma que vou tentar e, se não ajudar, também não atrapalho. Não vou brincar de palhaço.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Amor e coração

Meu cachorro morreu. Depois de 14 anos e meio, foi descansar. Ele já andava tristinho há um tempo e, sem perspectiva de melhora, resolvemos poupar o bichinho do sofrimento.



A questão é o que se passa nesse ínterim em que o bichinho foi encaminhado para o procedimento e o momento em que ele se finaliza. Parecia a espera por um milagre que fizesse o procedimento ter que ser abortado, ao mesmo tempo em que rezava para que chegasse logo ao fim. E, quando chega, o peito aperta e dói o coração. Não sai nada além de lágrimas e gritos de dor... de culpa....

Nunca entendi por que o coração aperta quando sofremos por amor. Por que o símbolo do amor é um coração? Pelo fato de acelerar os batimentos cardíacos? Mas então poderia ser também um pulmão, vez que nos deixa sem ar...

O Big estava malzinho. Com vários tumores, pernas fracas e cansado. Mas, disse o veterinário, o coração estava bom pra idade dele. Com tantos problemas, a única observação boa foi em relação ao coração

Continuo com algumas dúvidas, mas uma certeza: mal de amor machuca o coração; amor do bem o fortalece.