sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Férias

Então é isso.
Férias pra mim e pra vocês...
J
De volta dia 13.
Abçs.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Afeto condicionado

    Essa semana uma socialite brasileira foi condenada a prestar serviços comunitários. Se não me engano, estabeleceu-se que ela vai ensinar algumas técnicas de perfumaria em um instituto para cegos em São Paulo.
    Isso me fez pensar até que ponto uma pena como essa beneficia ou ludibria a sociedade. É possível vislumbrar algum efeito realmente positivo em uma caridade quando ela é imposta?
    Sempre me comoveu, por exemplo, a ideia de saborear um prato, sabendo que foi preparado com carinho; usar uma roupa especialmente costurada para mim. Imagina receber uma cesta básica confeccionada para você; ser, de qualquer forma, objeto de uma doação personalíssima.
    Não assimilei bem essa ideia de caridade forçada, uma vez que considero a espontaneidade inerente e anterior ao conceito de caridade. O penalizado deve ser o transgressor da lei, e não a pessoa carente de atenção, amor ou afeto que, segundo entendo, dificilmente vai perceber efeitos positivos advindos de qualquer tipo de ação dissimulada.


segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Adaptação X Acomodação

    Como boa bisbilhoteira de livraria, semana passada folheei A Origem das Espécies, de Darwin. Só não comprei porque tenho ainda livros intactos em casa, mas esse, com certeza, também entrou para o plano de leitura.
    A notícia da prisão de assaltantes a um turista alemão na orla do Rio, nesse sábado, me fez mencionar o fato acima, tendo em vista a declaração do transeunte lesado. Considerou o incidente natural, levando em conta a difusão da violência, inclusive no seu próprio país de origem. E, ao final de tudo, ainda se culpou por andar com tantas cédulas nos bolsos!
    Interessante a capacidade do ser humano de se adaptar às mais diversas situações. Já escrevi em post anterior que tenho essa idéia esdrúxula de que talvez isso se deva a uma adaptação natural do ser humano, para bem viver (ou sobreviver) no ambiente cada vez mais hostil em que se encontra inserido. Uma concretização da teoria da seleção natural. Acho que a gente vai perdendo o senso crítico e reacionário frente às adversidades e desenvolvendo, pari passu, uma maior capacidade contemplativa, de adaptação às influências agressoras externas.
    Talvez daqui a algum tempo uma matéria como essa seja reescrita, acrescentando-se um auto martírio no caso de sermos assaltados e encontrarmo-nos desprovidos do suficiente para sustentar o sistema; uma mulher bonita vai considerar sua parcela de culpa no caso de ser violentada; o doente não atendido no hospital vai se penalizar por ter descuidado da saúde... Talvez haja até um pedido de desculpas....

Limite entre direitos

    O Globo de hoje publicou uma matéria sobre preconceito religioso no Brasil. O país multirracial estaria ficando intolerante. Menciona que não se tratam somente de agressões físicas, mas também verbais, prática facilitada com a difusão na internet. Relata também a discriminação sofrida por uma funcionária hostilizada no seu ambiente de trabalho pelo fato de andar de branco e ouvir músicas religiosas.
    Sei que religião é um daqueles temas polêmicos, que devemos evitar discutir em qualquer ambiente e com qualquer pessoa, quiçá para se publicar em um blog, mas não posso deixar de dizer que considerei a matéria, se não parcial, ao menos incompleta.
    A todo momento se trata da liberdade religiosa e do direito das minorias no sentido de garantir-lhes maior liberdade de expressão e manifestação. Essa questão de ouvir músicas religiosas no ambiente de trabalho, porém, me fez perceber que algumas pessoas, no afã de se afirmar e exercer seus direitos, podem extrapolar os limites e passar da condição de vítimas de preconceito à transgressoras dos direitos alheios.
    Uma coisa é o respeito às manifestações exteriorizadas com trajes, adereços, ideologias, estilo de vida; outra é, por exemplo, se colocado numa situação inevitável de compartilhar as músicas ou idéias alheias. Já diz o velho ditado que o direito de uma pessoa termina onde começa o da outra. É legítimo o desejo de exigir respeito por parte das demais pessoas, mas também elas tem o direito de serem respeitadas, sob pena de presenciarmos um preconceito às avessas.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

A curiosidade intrigou o gato

    Uma vez li que os maratonistas não podem correr ouvindo música porque ela influencia no seu desempenho. Influencia para melhor e, por isso, diferencia. Raramente corro sem música. É como uma companheira que fica ali o tempo todo te incentivando e tirando o foco do peso e do cansaço.
    Mas, antes de iniciar o treino, é gostoso alongar debaixo de certa árvore, onde fico observando um ninho de passarinhos e ouvindo seu canto. Às vezes, o som da natureza é interrompido pela conversa de pessoas que passam ao meu lado. E foi isso que aconteceu ontem. Uma senhora passou falando para outra:
    - De que adianta se arrumar super bem e ser desdentada?
    Tive que rir sozinha! Depois veio uma menina:
    - Mas eu não consigo parar de olhar. Fico assustada. É muito grande!
    Isso tudo me fez lembrar a peça que assiti há algum tempo atrás da Elisa Lucinda, “Parem de falar mal da rotina”. Nela, Elisa aborda esse momento em que estamos caminhando pela rua, sentados no ônibus, quietos no nosso canto e a conversa alheia chega aos nossos ouvidos. A gente não está ali na intenção de escutar nem bisbilhotar a vida dos outros, mas se o bate papo vizinho vem ao encontro de nosso ouvidos, fazer o quê? Ouvir mesmo!

P.S. Acho que sei no que você está pensando. Se servir de consolo, eu também estou curiosa até agora!
Em 16.11.2010

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Enem

    Agora essa questão do Enem. Como se não bastasse o esforço para se preparar para as provas, não só aperfeiçoando os conhecimentos técnicos, mas também tentando administrar a ansiedade, agora devem os candidatos se preparar também para lidar com a frustração e rezar para que o poder público cumpra sua parte no combinado.
    Mais frustrante ainda é ouvir o Presidente da nação dizer que o exame foi um sucesso; que tudo não passa de intriga da oposição e que não há nada a ser reparado! Eu sou uma daquelas pessoas que sabem o valor da educação e o que os estudos podem proporcionar. Dói ver que gente esforçada, com sonhos, planos, que se empenhou em busca de um crescimento honesto através do estudo, tenha que passar por um desgosto como esse!
    Para o Presidente não deve ter sido nada demais mesmo. Somente um pequeno incidente. Não importa se algumas centenas de pessoas foram prejudicadas se, para outras milhares, tudo correu conforme esperado. Soou como um pronunciamento, digamos, pouco (ou nada) democrático. Ainda que somente uma pessoa tivesse sido prejudicada... É uma vida que vai ficar parada por um ano. Alguém que fez sua parte nessa história e será prejudicado pelo erro alheio.
    Os prejudicados são minoria, é verdade, mas não deveriam ser tratados à parte, marginalizados. Querer estudar e construir um futuro digno através do estudo deve ser a regra e não a exceção. Ocupar um alto cargo na Administração Pública sem estudo suficiente não é uma regra e sim uma exceção que, como tal, não deveria servir de exemplo.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

A busca

    Ouvi falar que o símbolo do signo de sagitário estaria relacionado com a busca pela transcendência e pela sabedoria, através do seu arco apontado para cima. Não sei se é coincidência ou não, mas a questão é que sempre tive essa inquietude dentro de mim. Fato que se acentuou de uns tempos pra cá.
    Costumo dizer que a ignorância é uma benção. O ignorante vive numa pseudo-felicidade. Já a busca pelo conhecimento é trabalhosa, dolorosa e parece não ter fim. Mas acho que é recompensadora. Saber, ou simplesmente buscar o saber já é realizador; um fim em si mesmo.
    Continuo achando que a ignorância é uma benção, mas o conhecimento e, principalmente o autoconhecimento são conquistas e, ao que parece, tudo aquilo que é conquistado tem mais valor do que aquilo que nos vem sem esforço. Algumas coisas vem e vão fácil; tem outras que ninguém nos tira.

E pra você? O que é felicidade?

    Creio que não existe uma resposta certa e outra errada para a pergunta “O que é felicidade?”. Creio também que uma mesma pessoa pode ter vários conceitos sobre tal tema ao longo da vida, não se tratando, portanto, de uma definição estanque.
    Hoje acho que felicidade é reconhecer que não existe satisfação 24 horas por dia. Não se trata de estar feliz todo o tempo, mas de ter consciência de que os momentos de tristeza virão, mas serão passageiros.
    Parece um paradoxo, mas considero possível estarmos tristes e, ainda assim, sermos felizes. Excetuadas as grandes tragédias, obviamente, a questão é de consciência da transitoriedade da tristeza. Por isso, não acho que a melhor coisa a se dizer para alguém triste ou magoado seja, simplesmente, que tudo vai passar. Melhor seria aceitar que a tristeza deve sim ser experimentada; o luto, vivenciado e, após as devidas reflexões e lições advindas, aí sim poderíamos dizer que vai passar.
    Talvez a maior parte das pessoas relacione felicidade, principalmente, com realização material, fazendo, portanto, uma relação que considero precipitada entre felicidade e momentos felizes. Acho que a felicidade engloba a ideia de momentos felizes, mas não se resume a eles, justamente por definição, uma vez que durante o momento feliz estamos felizes. Outra coisa é ser feliz.
    Momentos felizes se relacionam a fatos que, como tais, são passageiros. A felicidade em si é algo que se vivencia e está dentro de nós. Momento feliz é um estado de espírito; felicidade é um espírito sendo.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Coleção

Acho que vou começar a colecionar fotos de troncos em praias...


Figueira, outubro de 2010

 Rio das Ostras, outubro de 2010

Rio das Ostras, outubro de 2010
    Que sou péssima fisionomista não me é nenhuma novidade. Há um tempo atrás, falaram comigo que me chamaram na rua e não respondi. Era alguém que eu só estava habituada a ver debaixo de um uniforme. Aí que eu não associaria mesmo!
    A princípio me senti um pouco chateada pela minha desatenção. Mas aí parei pra pensar que a idéia do uniforme não é, justamente, padronizar as pessoas? Então relaxei. Em mim produziu o efeito desejado. As pessoas ficaram, de certa forma, padronizadas: irreconhecíveis fora dele.
    Mas, a partir desse fato, presto mais atenção nisso.

O sol

    Já escrevi e postei fotos do pôr-do-sol. Agora tirei fotos do nascer do sol. Algumas daquelas imagens que valem mais do que mil palavras.
    Nenhuma lente de câmera, porém, vai conseguir reproduzir, de forma fidedigna, um momento como este. Talvez porque não o observemos somente com os olhos, mas também com o olfato, o tato, a audição e o coração.
    Mar, sol, maresia, areia, calor, bater das ondas.




    Enquanto escrevia esse post, me lembrei de um capítulo sobre o mar naquele livro da Clarisse, que já mencionei aqui. Fui relê-lo e percebi que ela conseguiu, não sei se de forma propositada ou não, relatar o contato com o mar através dos cinco sentidos.

“Aí estava o mar, a mais ininteligível das existências não humanas. E ali estava a mulher, de pé, o mais ininteligível dos seres vivos. Como o ser humano fizera um dia uma pergunta sobre si mesmo, tornara-se o mais ininteligível dos seres onde circulava o sangue. Ela e o mar.
(...)
Vai entrando. A água salgadíssima é de um frio que lhe arrepia e agride em ritual as pernas. Mas uma alegre fatalidade – a alegria é uma fatalidade – já a tomou, embora nem lhe ocorra sorrir. Pelo contrário, está muito séria. O cheiro é de uma maresia tonteante que a desperta de seu mais adormecido sono secular.
(...)
Com a concha das mãos e com altivez dos que nunca darão explicação nem a eles mesmos: com a concha das mãos cheias de água, bebe-a em goles grandes, bons para a saúde de um corpo! E era isso o que estava lhe faltando: o mar por dentro, como o líquido espesso de um homem.
Agora ela está toda igual a si mesma. A garganta alimentada se constringe pelo sal, os olhos avermelham-se pelo sal que seca, as ondas lhe batem e voltam a lhe bater. Voltam pois ela é um anteparo compacto.”
(Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres, Clarisse Lispector)

Uma questão de ponto de vista

Uma concha rosa ou uma rosa de concha?


 Conchas do mar ou um mar de conchas?

Uma família

    Esse feriado conheci três passarinhos muito interessantes. Um ficava chocando seus ovinhos o tempo todo, enquanto outros dois passeavam pra lá e pra cá. O pai adorava passear na beira da piscina e o filho de ficar embaixo de uma sombrinha bem oportuna. Ou seja, um na sombra e outro na água fresca. Enquanto isso, a outra ficava sob o sol, no vento, na chuva. Não desgrudava dos seus ovinhos. E, se tentássemos chegar perto, a bichinha esperneava! Fiquei pensando se ela saia dali pelo menos para comer, beber água...
    Aí me dei conta de que aquele já não era um passarinho qualquer: era uma mãe.

O pai:

 O filho:


                                              A mãe no sol...


e na chuva.



   Um agradecimento especial a minha amiga Priscila, que me proporcionou contato com o ambiente propício para inspirar os 3 posts acima.
   Dona de um paraíso particular, e que sabe aproveitá-lo bem. Mostrou-se, além de excelente amiga, ótima anfitriã; me fez lembrar o prazer da alimentação saudável J e pôs um livro muito interessante em minhas mãos.