segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Coragem

    Eu demorei anos para começar a freqüentar uma escola de dança. Tinha receio de aparecer no meio de um monte de experts, de ser desengonçada, de fazer feio. Um dia, finalmente, tomei coragem e fiz uma aula experimental. Foi amor a primeira vista! No final da primeira aula me peguei pensando que essa felicidade estava o tempo todo ali, ao meu alcance, pertinho... Quanto tempo eu tinha perdido!
    A mesma coisa aconteceu no curso de filosofia. Medo de parecer deslocada em meio a um monte de intelectuais, sem muito a acrescentar. Até que, um dia, simplesmente apareci. E voltei da primeira aula com os olhos marejados e um sorriso no rosto. Tinha encontrado mais um cantinho pra me encaixar!
    Às vezes fico pensando até que ponto nossa felicidade depende do acaso, das oportunidades que surgem e/ou das que criamos.

Viva quem tem coragem de mudar de profissão;
Quem larga uma faculdade no meio para começar outra com a qual se identifica mais;
Quem deixa um emprego por outro onde estará mais realizado;
Quem tem coragem de arriscar.

Viva quem tem coragem de dançar na rua com seu mp3;
Quem canta as músicas que conhece e, as que não conhece, embroma;
Quem reconhece a beleza numa simples paisagem;
Quem se deslumbra com a natureza.

Viva quem fala em público, quem lê, quem escreve;
Quem tem coragem de expor suas idéias;
Quem julga não só o que vê, mas também a própria visão;
Quem consegue se livrar de preconceitos.

Viva quem não se contenta com a explicação mais simples;
Quem investiga;
Quem arrisca em nome da ciência;
Quem faz algo pela evolução da sociedade.

Viva quem termina uma relação qualquer para ser mais feliz em outra;
Quem prefere o risco da felicidade ao medo da solidão;
Quem dá um tempo para si mesmo;
Quem não deixa passar as oportunidades que a vida apresenta. E cria as demais.

    Isso pode soar como lição de moral, mas não é. Para isso, vou reproduzir um trecho do Discurso do Método, de Descartes, que é um dos meus favoritos:
Inexiste no mundo coisa mais bem distribuída que o bom senso, visto que cada indivíduo acredita ser tão bem provido dele que mesmo os mais difíceis de satisfazer em qualquer outro aspecto não costumam desejar possuí-lo mais do que já possuem. E é improvável que todos se enganem a esse respeito; mas isso é antes uma prova de que o poder de julgar de forma correta e discernir entre o verdadeiro e o falso, que é justamente o que é denominado bom senso ou razão, é igual em todos os homens; e, assim sendo, de que a diversidade de nossas opiniões não se origina do fato de serem alguns mais racionais que outros, mas apenas de dirigirmos nossos pensamentos por caminhos diferentes e não considerarmos as mesmas coisas.”
    Viva quem consegue expressar com clareza, em simples palavras, seus pensamentos mais profundos! Com essa idéia de bom senso e/ou razão, vou analisar a questão da coragem sob outro ponto de vista.
    Talvez corajoso seja aquele que dirige alcoolizado, na certeza de que nada de ruim vai acontecer;
O político que consegue dormir tranqüilo depois de roubar o dinheiro do hospital;
Quem pratica um crime na certeza da impunidade;
Corajoso é quem não se arrisca na vida porque prefere o ruim conhecido ao risco do fracasso (que pode ser, na mesma proporção, o da felicidade);
    Se essa for a verdadeira razão, então meu bom senso me diz que mais vale um covarde vivo do que um herói morto. Morto para a vida.

Oração da sabedoria:
Deus, conceda-me serenidade para aceitar as coisas que não posso mudar;
Coragem para mudar as que eu posso;
E sabedoria para perceber a diferença.







sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Realização Pessoal

    Hoje pela manhã assisti a duas reportagens interessantes. A primeira sobre a perturbação gerada pelo uso desenfreado do celular. O toque a todo momento, conversas em viva-voz, as intimidades reveladas sem pudor, a solidão que se sente quando, embora rodeado de pessoas, temos a companhia roubada pelo toque do celular alheio.
    Tem gente que diz não conseguir viver sem o celular. Por outro lado, em alguns lugares fechados já se proibiu o seu uso. Quem quiser utilizar o aparelho deve sair do recinto e “se juntar aos indesejados fumantes”, diz o repórter. Gostei da correlação.
    Outra reportagem foi sobre Cingapura. Como o país se tornou, em pouco tempo, reduto do maior número de milionários por metro quadrado. Símbolo de riqueza e dos que estão em busca dela. Não se vê pobreza. Construções grandiosas, imponentes, modernas, deslumbrantes, possibilidades de crescimento. Material. Para onde se olha, arranha-céus, concreto, luxo, conversíveis, brilho. Gente realizada? A seu modo, creio que sim.
    Estou lendo “Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres”, de Clarisse Lispector. Trata da busca de uma mulher pela natureza humana e pelo autoconhecimento. Vou reproduzir algumas das passagens mais interessantes que li, até agora:
“.Ela quis retroceder. Mas sentia que era tarde demais: uma vez dado o primeiro passo este era irreversível; e empurrava-a para mais, mais e mais! O que quero, meu Deus. É que ela queria tudo.
. E o que o ser humano mais aspira é tornar-se humano.
. O cão livre hesitava na praia, o cão negro. Por que é que um cão é tão livre? Porque ele é o mistério vivo que não se indaga. A mulher hesita porque vai entrar.
. Viu dois homens que tinham sido seus amantes; falaram-se palavras vãs. E viu com dor que não os desejava mais. Preferiria sofrer por amor do que sentir-se indiferente.
. Porque no Impossível é que está a realidade.
. Agora é que ela notava tudo isso. Era uma iniciada no mundo.”
(Clarisse Lispector, Uma aprendizagem ou o mundo dos prazeres)
    Eu tenho que admitir que tenho uma inveja, saudável, daqueles filósofos que podiam se refugiar no alto de uma colina, apreciar a natureza, pensar, desenvolver e escrever. Ou daqueles que podem se dar ao luxo de viajar pelo mundo e descobrir a vida do melhor modo que se pode fazê-lo: vivendo.
    Quanto à tecnologia, novamente, não tenho nada contra. Até porque seria uma briga perdida, inútil. Não tenho MSN, facebook, nextel, amigos virtuais. Não sei baixar música na internet, nem copiar um DVD. Não quero todo o dinheiro do mundo, nem glamour, nem poder. Mas o contato com a natureza, o pensamento, a criatividade, a sensibilidade, conhecer seres humanos mais humanos, no sentido mais natural do termo, isso sim me enche os olhos. E a alma.
Em 18.10.2010



segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Nuances do conceito de prisão e de liberdade

    Todo mundo se comoveu com o resgate dos mineiros que ficaram presos lá no Chile. É perfeitamente compreensível. Impossível não nos imaginarmos na condição em que eles se encontravam, como nos comportaríamos, as privações e angústia por que passaram. Eu, particularmente, não consigo nem imaginar.
    Um tempo depois me peguei pensando como esse sentimento de empatia se aplicaria também aos animais, e me lembrei de um poema de Olavo Bilac. É dos mais lindos que já li, se não for O mais lindo. Ei-lo:

Armas, num galho de árvore, o alçapão.
E, em breve, uma avezinha descuidada, batendo as asas cai na escravidão.
Dás-lhe então, por esplêndida morada, a gaiola dourada.
Dás-lhe alpiste, e água fresca, e ovos, e tudo.
Por que é que, tendo tudo, há de ficar o passarinho mudo, arrepiado e triste, sem cantar?
É que, criança, os pássaros não falam.
Só gorgeando a sua dor exalam, sem que os homens os possam entender.
Se os pássaros falassem, talvez os teus ouvidos escutassem este cativo pássaro dizer:
"Não quero o teu alpiste!
Gosto mais do alimento que procuro na mata livre em que a voar me viste.
Tenho água fresca num recanto escuro.
Da selva em que nasci; da mata entre os verdores, tenho frutos e flores, sem precisar de ti!
Não quero a tua esplêndida gaiola!
Pois nenhuma riqueza me consola de haver perdido aquilo que perdi...
Prefiro o ninho humilde, construído de folhas secas, plácido, e escondido.
Entre os galhos das árvores amigas...
Solta-me ao vento e ao sol!
Com que direito à escravidão me obrigas?
Quero saudar as pompas do arrebol!
Quero, ao cair da tarde, entoar minhas tristíssimas cantigas!
Por que me prendes? Solta-me, covarde!
Deus me deu por gaiola a imensidade!
Não me roubes a minha liberdade...
QUERO VOAR! VOAR!..."
Estas coisas o pássaro diria, se pudesse falar.
E a tua alma, criança, tremeria, vendo tanta aflição.
E a tua mão, tremendo, lhe abriria a porta da prisão.

Autor: Olavo Bilac
Poema: Pássaros em Gaiola

Em um final de semana

    Tomar chá gelado, correr no asfalto, andar de bicicleta, sentir o vento no rosto, ver patinhos na lagoa, ler, ouvir música, escrever.

    Pausa para o pôr-do-sol.
    Correr na areia da praia, na areia fofa, na areia batida. Olhar o mar, os coqueiros, a orla. A mulher com o olhar vazio, o homem com seu parapente.
    E, para fechar com chave de ouro, que tal atravessar correndo a sombra de uma nuvem na areia da praia, com uma brisa no rosto e o mar sob os pés?
    Sabe quando a gente diz que era feliz e não sabia? Seria uma injustiça não reconhecer que sou feliz e já estou sabendo.





Ofereço recompensa!

    Ai, essa mania de pensar as palavras ao contrário!!!
    Outro dia me lembrei da primeira vez que fiz essa maluquice. Quando criança, fiquei super empolgada quando percebi que A CAVALO, de trás pra frente virava OLÁ, VACA!!!
    Cara, comecei a perder uns pinos já lá na infância! Se alguém os vir por aí peço, encarecidamente, que os devolvam. Estão fazendo falta!

As várias possibilidades de uma palavra

    Gosto de pegar uma palavra e pesquisar seu sentido na internet. Tem uma palavra que, apesar de parecer banalizada, quando pesquisada, proporciona uma avalanche de informações. Lá vai: Amor.
Eros - um amor apaixonado fundamentado e baseado na aparência física
Psiquê - um amor "espiritual", baseado na mente e nos sentimentos eternos
Ludus - o amor que é jogado como um jogo; amor brincalhão
Storge - um amor afetuoso que se desenvolve lentamente, com base em similaridade
Pragma - amor pragmático, que visualiza apenas o momento e a necessidade temporária, do agora
Mania - amor altamente emocional, instável; o estereótipo de amor romântico
Agape - amor altruísta; espiritual

   Outra palavra que ficou martelando esses dias foi Falácia. E me surpreendi com a complicação da coisa:
Argumentum ad antiquitatem (Argumento de antiguidade ou tradição):
Afirmar que algo é verdadeiro ou bom porque é antigo ou "sempre foi assim".
Ex: "Se o meu avô diz que Garrincha foi melhor que Pelé, deve ser verdade."
Argumentum ad hominem (Ataque ao argumentador):
Em vez de o argumentador provar a falsidade do enunciado, ele ataca a pessoa que fez o enunciado.
Ex: "Se foi um burguês quem disse isso, certamente é engodo".
Non sequitur (Não segue):
Tipo de falácia na qual a conclusão não se sustenta nas premissas. Há uma violação da coerência textual.
Ex: "Que nome complicado tem este futebolista. Deve jogar muita bola!"
Argumentum ad baculum (Apelo à Força):
Utilização de algum tipo de privilégio, força, poder ou ameaça para impor a conclusão.
Ex: "Acredite no que eu digo; não se esqueça de quem é que paga o seu salário"
Argumentum ad populum (Apelo ao Povo):
É a tentativa de ganhar a causa por apelar a uma grande quantidade de pessoas.
"Inúmeras pessoas usam essa marca de roupa; portanto, ela possui um tecido de melhor qualidade."
Argumentum ad Verecundiam (Apelo à autoridade) ou Magister Dixit (Meu mestre disse):
Argumentação baseada no apelo a alguma autoridade reconhecida para comprovar a premissa.
Ex: "Se Aristóteles disse isto, então é verdade."
Dicto Simpliciter' (Regra geral):
Ocorre quando uma regra geral é aplicada a um caso particular onde a regra não deveria ser aplicada.
Ex: "Se você matou alguém, deve ir para a cadeia." (não se aplica a certos casos de profissionais de segurança)
Generalização Apressada (Falsa indução):
É o oposto do Dicto Simpliciter. Ocorre quando uma regra específica é atribuída ao caso genérico.
Ex: "Minha namorada me traiu. Logo, as mulheres tendem à traição."
Falácia de Composição (Tomar o todo pela parte):
É o fato de concluir que uma propriedade das partes deve ser aplicada ao todo.
Ex: "Todas as peças deste caminhão são leves; logo, o caminhão é leve."
Falácia da Divisão (Tomar a parte pelo todo):
Oposto da falácia de composição. Supõe que uma propriedade do todo é aplicada a cada parte.
Ex: 1) "Você deve ser rico, pois estuda em um colégio de ricos."
2) "A ONU afirmou que o Brasil é um país com muita violência e injustiça; logo, a ONU chamou-nos a todos nós brasileiros de violentos e injustos".
Falácia do homem de palha:
Consiste em criar idéias reprováveis ou fracas, atribuindo-as à posição oposta.
Ex: "Deveríamos abolir todas as armas do mundo. Só assim haveria paz verdadeira." Ou ainda, "Meu adversário, por ser de um partido de esquerda, é a favor do comunismo radical, e quer retirar todas as suas posses, além de ocupar as suas casas com pessoas que você não conhece."
Cum hoc ergo propter hoc (Falsa causa):
Afirma que apenas porque dois eventos ocorreram juntos eles estão relacionados.
Ex: "O Guarani vai ganhar o jogo de hoje porque hoje é quinta-feira e até agora ele ganhou em todas as quintas-feiras em que jogou."
Post hoc ergo propter hoc :
Consiste em dizer que, pelo simples fato de um evento ter ocorrido logo após o outro, eles têm uma relação de causa e efeito. Também conhecida como "Correlação não implica causa". (Correlation does not imply causation).
Ex: "O Japão rendeu-se logo após a utilização das bombas atômicas por parte dos EUA. Portanto, a paz foi alcançada devido à utilização das armas nucleares."
Petitio Principii (Petição de Princípio): ou Circulus in Demonstrando :
Ocorre quando alguém assume como premissa a conclusão a que se quer chegar.
Ex: "Todos os actos que devem ser punidos são voluntários. Logo Todos os actos que devem ser punidos não são involuntários."
Falácia da Pressuposição :
Consiste na inclusão de uma pressuposição que não foi previamente esclarecida como verdadeira, ou seja, na falta de uma premissa.
Ex: "Você já parou de bater na sua esposa?"
Ignoratio Elenchi (Conclusão sofismática):
Ou "Falácia da Conclusão Irrelevante". Consiste em utilizar argumentos que podem ser válidos para chegar a uma conclusão que não tem relação alguma com os argumentos utilizados.
Ex: "Os astronautas do Projeto Apollo eram bem preparados, todos eram excelentes aviadores e tinham boa formação acadêmica e intelectual, além de apresentar boas condições físicas. Logo, foi um processo natural os EUA ganharem a corrida espacial contra a União Soviética pois o povo americano é superior ao povo russo."
Anfibologia ou Ambigüidade:
Ocorre quando as premissas usadas no argumento são ambíguas devido à má elaboração sintática.
Ex: "Venceu o Brasil a Argentina."
"Ele levou o pai ao médico em seu carro."
Acentuação :
É uma forma de falácia devido à mudança de significado pela entonação. O significado é mudado dependendo da ênfase das palavras.
Ex: compare: "Não devemos falar MAL dos nossos amigos." com: "Não devemos falar mal dos nossos AMIGOS".
Acidente:
Quando considera-se essencial o que é apenas acidental.
Ex: "A maior parte dos políticos são corruptos. Então a política é corrupta."
Falácias tipo "A" baseado em "B" (Outro tipo de Conclusão Sofismática) :
Ocorrem dois fatos. São colocados como similares por serem derivados ou similares a um terceiro fato.
Ex: "O Islamismo é baseado na fé."
"O Cristianismo é baseado na fé."
"Logo o islamismo é similar ao cristianismo."
Falácia da afirmação do consequente :
Esta falácia ocorre quando se tenta construir um argumento condicional que não está nem do Modus ponens (afirmação do antecedente) nem no Modus Tollens (negação do conseqüente). A sua forma categórica é:
Se A então B.
B então A.
Ex: "Se há carros então há poluição. Há poluição. Logo, há carros."
Falácia da negação do antecedente :
Esta falácia ocorre quando se tenta construir um argumento condicional que não está nem do Modus ponens (afirmação do antecedente) nem no Modus Tollens (negação do consequente). A sua forma categórica é:
Se A então B.
Não A então não B.
Ex: "Se há carros então há poluição. Não há carros. Logo, não há poluição."
Falsa dicotomia (bifurcação):
Também conhecida como "falácia do branco e preto". Ocorre quando alguém apresenta uma situação com apenas duas alternativas, quando de fato outras alternativas existem ou podem existir.
Ex: "Se você não está a favor de mim então está contra mim."
Argumentum ad Crumenam :
Esta falácia é a de acreditar que dinheiro é fator de estar correto. Aqueles mais ricos são os que provavelmente estão certos.
Ex: "O Barão é um homem vivido e conhece como as coisas funcionam. Se ele diz que é bom, há de ser."
Argumentum ad Lazarum :
Oposto ao "ad Crumenam". Esta é a falácia de assumir que apenas porque alguém é mais pobre, então é mais virtuoso e verdadeiro.
Ex: "Joãozinho é pobre e deve ter sofrido muito na vida. Se ele diz que isso é uma cilada, eu acredito."
Argumentum ad Nauseam :
É a aplicação da repetição constante e a crença incorreta de que quanto mais se diz algo, mais correto está.
Ex: "Se Joãozinho diz tanto que sua ex-namorada é uma mentirosa, então ela é."
Plurium Interrogationum :
Ocorre quando se exige uma resposta simples a uma questão complexa.
Ex: "O que faremos com esse criminoso? Matar ou prender?"
Red Herring :
Falácia cometida quando material irrelevante é introduzido no assunto discutido para desviar a atenção e chegar a uma conclusão diferente.
Ex: "Será que o palhaço é o assassino? No ano passado um palhaço matou uma criança."
Retificação :
Ocorre quando um conceito abstrato é tratado como coisa concreta.
Ex: "A tristeza de Joãozinho é a culpada por tudo."
Tu quoque (Você Também):
Falácia do "mas você também". Ocorre quando uma ação se torna aceitável pois outra pessoa também a cometeu.
Ex: "Você está sendo abusivo." "E daí? Você também está”.”
  
    Bom, dizem que o cérebro é a máquina mais sofisticada que existe. Mais do que o computador. Eu gostaria de ter acesso à maior quantidade de informação possível, mas acho que vai ser imprescindível ter a ajuda de um chipzinho com bastante memória pra armazenar toda a informação no seu devido lugar. Não é falácia não. I really mean it!

Ainda sobre a audição

   Quanto ao tipo de música que me faz mal já escrevi em post anterior. Faltou falar do tipo de música que me faz bem.
   Comprei recentemente um CD da Loreena McKennitt. É um estilo new age. Esse CD, em especial, se chama Mediterranean Odyssey, e foi gravado em sua turnê pelo Mediterrâneo, entre Istambul e Atenas, ou seja, new age com toques de música árabe! Sinônimo de deleite para mim! Gosto de descobrir esses estilos diferentes.
   Mas tem um grupo musical que, até hoje, nenhum outro superou. Lembro do meu primeiro contato com Enigma. Confesso que fiquei, a princípio, um pouco assustada com o estilo da música e a letra, mas foi impossível não se apaixonar. A letra da primeira música que ouvi dá uma idéia:

"The Voice Of Enigma"

Good evening
This is the voice of Enigma
In the next hour
we will take you with us
into another world,
into the world of music, spirit and meditation
Turn off the light,
take a deep breath
and relax
start to move slowly,
very slowly
Let the rhythm be your
guiding light"

Existe remédio para dor, para dormir, para respirar melhor... Para inspirar e apurar a audição ainda não descobri melhor que Enigma. Isso que considero, literalmente, música para meus ouvidos!


 

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

A audição

    Como já escrevi em um post anterior, samba não faz muito meu gênero. Mas, já acompanhei amigas no samba e nunca tive muito problema. Exceto certo dia, na Lapa. Enquanto tocava MPB, tudo bem. Até deu pra dançar um pouquinho. Qual não foi a minha surpresa, porém, quando anunciaram a entrada do Suvaco de Cristo? Enquanto a sangue da maioria das pessoas ferveu, o meu congelou! Mas, já estava ali, com uma amiga super animada, cantando e dançando todas as músicas... Não tinha jeito. Eu teria que agüentar o máximo que pudesse pois não queria estragar a festa dela. Não sei se consegui suportar por uma hora, porque logo comecei a me sentir fisicamente mal. Nunca uma música ou ritmo tinha feito isso comigo!
    Desde aquele dia fiquei pensando se é possível alguém se sentir mal-estar por causa de uma música ou ritmo. Acho que a audição, sendo um sentido como os outros, também pode ser afetada por uma sonoridade que não lhe caia bem. Se passamos mal quando não comemos bem, se nos sentimos mal com a temperatura muito quente ou fria demais, se o excesso de luminosidade nos atrapalha, por que uma música desagradável não nos afetaria fisicamente?
    Essa experiência me serviu para confirmar uma antiga suspeita: minha alma pode ser brasileira, mas pelo menos um de meus sentidos não lhe faz correspondência.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

    A coluna do psicanalista Alberto Goldin no Globo de hoje (03/10/2010) é sobre uma pessoa que, após um infarto, passou a ver a vida de outra forma. Ele menciona o fato do coração ser o reduto simbólico das emoções. Interessante porque tenho pensado naquele texto que escrevi há um tempo sobre o simbolismo do coração. Já que quando nos apaixonamos ficamos aéreos, com a “cabeça-nas-nuvens”, pensei em mais um símbolo pro amor: que tal uma nuvenzinha cor-de-rosa? Não seria, no mínimo, simpático?
    Ontem à noite um morceguinho, pequenininho, entrou pela janela lá do quarto. Eu devo estar ficando doida mesmo porque me peguei sorrindo pra criatura!!!
    Mas ainda posso ter salvação já que o bichano, pelo menos, não respondeu. Ainda.

   Duas matérias no Globo de hoje (03/10/2010) me intrigaram. Um artigo que trata do direito dos presos provisórios ao voto e o problema que seria para garantir a lisura do processo eleitoral realizado dentro do cárcere, para garantir uma votação livre de pressões, ameaças e da manipulação da população carcerária. Ainda tem a questão da segurança dos mesários e os gastos do Estado nesse processo.
   O outro caso foi da família atingida por balas de metralhadora enquanto fugia de uma blitz que supunha falsa. Quer dizer, vítimas do próprio medo da violência, que, a princípio, nem existia. Mas, se justificava.
   No primeiro caso, melhor não mexer no vespeiro e deixar os presos provisórios alijados do processo eleitoral? Não quero entrar na questão dos direitos humanos, mas não posso negar que eles são diretamente atingidos pelo processo legislativo (vez que se trata de sua liberdade), mas dele não participam.
   No segundo caso, o medo da violência como gerador de mais violência. Vítimas do próprio instinto de proteção. Como quebrar alguns círculos quando eles parecem cada vez mais consolidados?

O sol

    Já não é a primeira vez que discutimos no curso de filosofia sobre o ato de cumprimentar e ser cumprimentado. Se cumprimentamos alguém, ou fazemos uma gentileza qualquer e não somos correspondidos, ficamos frustrados porque nossas expectativas não foram atendidas. Concordo que não devemos fazer nada esperando algo em troca, mas ainda preciso trabalhar isso em mim, porque fico chateada quando não sou correspondida.
    Tem uma posição na ioga que se chama “saudação ao sol”. Me lembrei disso porque adoro o pôr-do-sol e tenho o privilégio de poder assisti-lo da janela de casa. E o pôr-do-sol no Arpoador? Tem gente que bate palmas. Tem que gente que acha piegas. Nunca cheguei a bater palmas. No mínimo esboço um sorriso meia boca, à lá Monalisa, que não chega a entreabrir meus lábios, mas meu coração, esse sim fica todo dado.
    O sol nos cumprimenta todos os dias e não pede nada em troca. Mesmo se não lhe dermos atenção, ele volta, e não se cansa. Sempre que puder, vou saudá-lo de volta, pois, com o sol, o tempo nunca estará fechado pra nós.