sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Moderno?

    Saí do Brasil para os Emirados com uma idéia confusa na cabeça, sobre como poderia um lugar tão moderno, com os prédios mais altos do mundo, concretização da mais moderna arquitetura, conviver com valores tão retrógrados em termos religiosos, uma visão desvalorizadora da mulher na sociedade e uma repudiação a culturas estrangeiras. Não foi nada disso que vi por lá. Em relação a este último aspecto, por exemplo, pode-se dizer que talvez os nativos sejam os mais incomodados pelos olhares e curiosidade alheios.
    Como já escrevi em post anterior, o que mais me encantou foi o modo como os emirates conseguem, ao menos por enquanto, harmonizar a preservação da sua cultura com a modernização. Em um centro cultural onde estivemos em Abu Dhabi havia exaltações por todos os lados da história do povo árabe, do reconhecimento dos esforços dos antepassados na concretização do presente e uma preocupação com a educação e consciência ambiental.
    Foi a princípio estranho entrar em contato com uma civilização que preza a honestidade, a educação e pratica a ética no seu cotidiano. Depois de algum tempo de ambientação, desconfiando de tudo e de todos, começa-se a sentir na pele uma liberdade gostosa de poder andar tranqüila pelas ruas, não ser uma turista ludibriada por taxistas e comerciantes e a sentir-se bem recebida e acolhida por um povo muito dócil. Engraçado que o que deveria nos causar estranheza é essa convivência com a amoralidade que se verifica por aqui, e não o contrário!
    Por isso, ao final de todas essas considerações, reformulei minha idéia sobre o que seja um povo, país ou nação modernos. Os Emirados têm uma formação jovem. Completaram 39 anos no dia 02 de dezembro (coincidência, não? J) e ainda conseguem preservar uma cultura milenar em meio a tantas inovações tecnológicas. Espero que com a crescente invasão de imigrantes e turistas eles não percam esta característica, nem se deixem afetar pelos efeitos colaterais da “modernização”.

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