domingo, 8 de janeiro de 2012

Capacidade de tolerar

    Ontem assisti a um filme intrigante. Num final de sábado, sem planos mais interessantes, peguei o jornal e resolvi partir para o Artplex, decidida e inspirada a assistir a um filme estilo cult, num daqueles ambientes onde se ouve pessoas falando em inglês do lado direito e outras em francês do esquerdo. Dá até a impressão de que estamos num pedacinho da Europa, de frente para uma das paisagens mais bonitas do Rio. Resumindo, um daqueles refúgios que eu, particularmente, adoro.
    O garoto da bicicleta. Engraçado que, assim que o filme terminou, minha reação imediata, bem como a de alguns outros espectadores que exclamaram um “hum?” foi de decepção. Sabe um daqueles finais em que você se pergunta: “Acabou? Assim mesmo, de repente?” Então. Foi assim. A princípio, frise-se. Não tardou muito e na própria volta para casa acho que vislumbrei a beleza do filme. Senão a intencionada pelo diretor, ao menos a que minha sensibilidade foi capaz de auferir.
    Até que ponto vai a nossa capacidade de amar e de perdoar? Acreditamos que as pessoas podem mudar e, mais importante, até que ponto estamos dispostos a esperar por isso? Eu me incluo na categoria dos que acreditam sim que as pessoas podem mudar. Tem gente que persiste na ideia ferrenha de que não; personalidade, caráter, ideais, trejeitos, visão de mundo, é tudo inalterável. Respeito, mas não abraço a ideia. Basta olharmos um pouquinho para trás na nossa própria existência. Nossa! Agradeço todos os dias pelas transformações de que já fui vítima e receberei de bom grado as vindouras. A grande questão que me vem agora é até que ponto eu teria paciência para esperar pela transmutação alheia. E esperar sem interferir de forma direta, pois neste caso seria um falso acreditar.

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