segunda-feira, 13 de agosto de 2012

O preço da filosofia pura

    Li a biografia de Schopenhauer, do autor Rüdiger Safranki. É impressionante a visão geral que uma biografia pode nos proporcionar. Eu, que sempre fui péssima em História, acho que o saldo foi bem positivo. Muito além do conhecimento biográfico do meu filósofo favorito, de quebra ganhei um pouquinho de conhecimento em História. Focando especialmente na filosofia, amadureceu em mim uma ideia que vinha gerando desde o inicio da leitura das Confissões de Rousseau.
    Já escrevi em um post anterior que sempre invejei os filósofos antigos, que podiam se dar ao luxo de, do alto de um casebre na colina, simplesmente filosofar. Filosofar e aprender sobre a vida do melhor modo possível: viajando pelo mundo, com paz e tranqüilidade. Graças a estas leituras percebi o quanto era ingênua! Rousseau de fato viajou muito, andava a pé por belas paisagens, subia e descia colinas, via os Alpes, precipícios, conhecia variados tipos de pessoas, situações. A que preço? Vivia morrendo de fome! Quando encontrava uma ocasião favorável se esbaldava. Com pão e vinho! E com que felicidade descrevia estes momentos... Precisava mentir para ter o que comer e onde dormir; algumas vezes relata ter dormido em bancos de praças.
    Schopenhauer viajou por toda pela Europa com sua família antes do 20 anos. Que experiência de vida era naquela época! A que preço? Longas e cansativas viagens, constantes atolamentos, estradas mal conservadas, provisões escondidas no veículo (precário) e o constante enfrentamento de pessoas famintas pelas estradas, saqueando aquilo que deveria prover toda a viagem da família. Viagem que atualmente se esgotam em 1 ou 2 horas dentro de um avião. É impressionante.
    Coisas que hoje em dia fazemos de modo automático, quase sem prestarmos atenção, eram custosas naquela época. Custosas num sentido material e psicológico também. Talvez a vida naquela época fosse realmente intensamente mais vivida, mais emocionante, mas também muito mais penosa; talvez justamente por isso as pessoas filosofassem e poetizassem mais.



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